O minoxidil oral em baixa dose (MOBD) constitui alternativa importante para o tratamento de diferentes causas de queda de cabelo.1 Entretanto, seus efeitos adversos cardiovasculares, como taquicardia, hipotensão e edema, continuam a ser uma preocupação mesmo em doses baixas.

Em geral, a dose padrão para o tratamento da hipertensão varia de 10 a 40mg/dia, e não há consenso sobre a dosagem ideal para o tratamento da queda de cabelo.2

Uma ampla gama de doses (de 0,25 a 5mg/dia) foi avaliada em estudos clínicos, sem exceder 5mg/dia.2 Recentemente, uma metanálise demonstrou associação positiva dose‐dependente de LDOM com aumento na densidade capilar, bem como nos efeitos adversos.2

Recentemente, os autores avaliaram 30 homens adultos fazendo uso de 5mg de minoxidil oral para tratamento de alopecia androgenética (AA) com monitorização com Holter de 24 horas e monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) por 24 horas antes e após 24 semanas de tratamento. Os indivíduos não apresentaram alterações relevantes em relação ao Holter de 24 horas e à MAPA.3 Esses achados foram reforçados por avaliação com MAPA de 10 homens no início e após a primeira dose de 5mg de minoxidil oral.4

Estudos farmacocinéticos anteriores mostraram leve redução na pressão arterial e leve aumento na frequência cardíaca em pacientes normotensos que usam minoxidil oral em doses de até 10mg/dia.5 Para avaliar os potenciais efeitos adversos cardiovasculares de doses mais elevadas de minoxidil oral para queda de cabelo, a dose foi aumentada de 5 para 7,5mg/dia em 11 dos 30 pacientes que completaram o estudo anterior. Após seis semanas de uso da dose aumentada, esses pacientes foram reavaliados utilizando monitorização por Holter de 24 horas e MAPA.

Os principais dados clínicos e demográficos dos participantes são apresentados na tabela 1. Os resultados da MAPA e da monitorização por Holter são apresentados na tabela 2. Apesar do aumento subclínico da frequência cardíaca, o minoxidil oral 7,5mg/dia não causou hipotensão, taquicardia ou prejuízo no decréscimo noturno.

Um participante referiu cefaleia, e nove referiram hipertricose com minoxidil 5mg/dia por via oral, o que não levou à descontinuação do tratamento. Nenhum deles apresentou efeitos adversos como cefaleia, taquicardia, tontura, edema ou insônia após aumento da dose para 7,5mg/dia.

Esses resultados reforçam os efeitos anti‐hipertensivos leves do minoxidil oral em indivíduos normotensos. No entanto, sugere‐se que doses acima de 5mg não devam ser consideradas padrão para o tratamento da queda de cabelo, e só devam ser utilizadas em circunstâncias excepcionais. Nesses casos, recomenda‐se que os médicos aumentem a dose gradualmente, em vez de começarem com doses mais elevadas. É essencial considerar que mesmo doses muito baixas (0,25mg/dia) de minoxidil oral foram associadas a efeitos adversos idiossincráticos incomuns, mas graves, como derrames pericárdicos e pleurais.6

Este estudo fornece dados adicionais de seguimento de uma coorte anterior. Embora o tamanho da amostra tenha sido modesto, não impediu a detecção de tendências importantes nas manifestações cardiovasculares em pacientes utilizando minoxidil oral 7,5mg/dia.

Desse modo, a administração de minoxidil 7,5mg/dia para AA em adultos normotensos foi bem tolerada e resultou em leve aumento da frequência cardíaca, sem alterações concomitantes na pressão arterial.