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Vol. 98. Núm. 3.
Páginas 400-402 (1 maio 2023)
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Vol. 98. Núm. 3.
Páginas 400-402 (1 maio 2023)
Cartas ‐ Caso clínico
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Acne papulopustulosa infantil tratada com isotretinoína oral
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Grasielle Silva Santosa, Mayra Ianheza,
Autor para correspondência
ianhez@hotmail.com

Autor para correspondência.
, Hélio Amante Miotb
a Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad‐HDT, Goiânia, GO, Brasil
b Depto. de Dermatologia, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil
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Prezado Editor,

Conceitua‐se acne infantil quando ocorre entre 1 a 16 meses de idade.1 Retinoides tópicos, peróxido de benzoíla em baixas concentrações e antibióticos orais (exceto tetraciclinas) são utilizados no tratamento de crianças.2

Relatamos o caso de um menino com 2 meses de idade que apresentou pápulas, pústulas e cisto na região malar, bilateralmente, bem como comedões fechados e abertos, compatíveis com o diagnóstico de acne infantil (fig. 1). A avaliação laboratorial hormonal da criança e da mãe (também com acne grave) era normal. Inicialmente, foi utilizada eritromicina oral por dois meses, cefadroxila oral por mais dois meses, bem como a combinação fixa de adapaleno e peróxido de benzoíla associada a emoliente não comedogênico.

Figura 1.

Acne infantil. (A) Aos 2 meses de idade, pápulas, pústulas e comedões na face. (B) Aos 7 meses, mesmo com a terapia instituída, com cisto drenante, cicatrizes, e lesões papulopustulosas ativas.

(0.31MB).

A despeito do uso prolongado de antibióticos orais e medicações tópicas, houve progressão das lesões e formação de cicatrizes. Aos 7 meses de idade, foi iniciada isotretinoína oral na dose de 0,5 mg/kg/dia (dose‐alvo 960‐1200 mg). A cápsula de 10mg foi congelada e metade do comprimido foi administrado no leite da criança.1

Após o alcance da dose de 150 mg/kg, depois de nove meses e com ajuste gradual de acordo com o ganho de peso (até 3/4 do comprimido), a criança manteve‐se sem atividade da doença (fig. 2), no seguimento de 12 meses. Durante o tratamento, o paciente apresentou leve queilite e xerose cutânea, sem alterações laboratoriais. Como terapia de manutenção pós‐isotretinoína foi prescrita a combinação fixa de adapaleno e peróxido de benzoíla, além de emoliente não comedogênico.

Figura 2.

Acne infantil tratada com isotretinoína oral. (A/B) Um ano após o término do tratamento com isotretinoína oral, evidenciando cicatrizes residuais normocrômicas.

(0.32MB).

A investigação laboratorial hormonal androgênica é mandatória nos casos de acne infantil refratária, apesar de a maioria dos casos não estar relacionada a endocrinopatias subjacentes.1,3

Isotretinoína oral, assim como terapia tópica, são tratamentos off label nessa idade; porém, os diversos casos publicados recentemente demonstram não só uma melhora clínica importante em casos refratários, como sua segurança, em lactentes.3,4

Acitretina é utilizada nas ictioses congênitas recessivas durante toda a vida, desde o nascimento, sendo contraprova da segurança dos retinoides na infância. O fechamento precoce das epífises em crianças tratadas com retinoides orais é evento raro, associado a doenças pregressas, uso de altas doses ou tempo prolongado de tratamento.2 Nesse ínterim, a isotretinoína oral, quando prescrita para acne infantil refratária, é tratamento breve, que demanda doses baixas.4

A dose de isotretinoína oral para acne infantil varia entre as publicações entre 0,2 e 2,0 mg/kg/dia, com tempo total de tratamento entre 5 e 14 meses.1 Segundo o último consenso de acne, a dose acumulada de isotretinoína deve ser aquela na qual é atingido completo clareamento das lesões, com manutenção do fármaco após mais dois meses, em contraponto com a recomendação estanque de se atingir 120‐150 mg/kg para todos os pacientes.5

O atraso no diagnóstico da acne infantil decorre, principalmente, da raridade da doença nessa fase, assim como ocorre subtratamento e atraso na introdução da isotretinoína oral nessas crianças.1 É, pois, importante que lactentes com acne grave, crônica, refratária ao tratamento convencional, sejam avaliados quanto a distúrbios endocrinológicos subjacentes, não protelando o uso do fármaco quando há resistência ao uso de antibióticos orais bem como a formação de cicatrizes.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Grasielle Silva Santos: Concepção e desenho do estudo; levantamento dos dados, análise e interpretação dos dados; redação do artigo; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura.

Mayra Ianhez: Concepção e desenho do estudo; levantamento dos dados, análise e interpretação dos dados; revisão crítica do conteúdo intelectual importante; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; aprovação final da versão final do manuscrito.

Hélio Amante Miot: Revisão crítica do conteúdo intelectual importante; análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; aprovação final da versão final do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
C.J. Barnes, L.F. Eichenfield, J. Lee, B.B. Cunningham.
A practical approach for the use of oral isotretinoin for infantile acne.
Pediatr Dermatol., 22 (2005), pp. 166-169
[2]
L.F. Eichenfield, A.C. Krakowski, C. Piggott, J. Del Rosso, H. Baldwin, S.F. Friedlander, et al.
American Acne and Rosacea Society.
Evidence‐based recommendations for the diagnosis and treatment of pediatric acne. Pediatrics., 131 (2013), pp. S163-S186
[3]
I.M. Miller, B. Echeverría, A. Torrelo, G.B. Jemec.
Infantile acne treated with oral isotretinoin.
Pediatr Dermatol., 30 (2013), pp. 513-518
[4]
M.F.M. Brito, I.P. Sant’Anna, F. Figueiroa.
Avaliação laboratorial dos efeitos colaterais pelo uso da acitretina em crianças portadoras de ictiose lamelar: seguimento por um ano.
An Bras Dermatol., 79 (2004), pp. 283-288
[5]
D.M. Thiboutot, B. Dréno, A. Abanmi, A.F. Alexis, E. Araviiskaia, M.I.B. Cabal, et al.
Practical management of acne for clinicians: An international consensus from the Global Alliance to Improve Outcomes in Acne.
J Am Acad Dermatol., 78 (2018), pp. S1-S23

Como citar este artigo: Santos GS, Ianhez M, Miot HA. Papulopustular infantile acne treated with oral isotretinoin. An Bras Dermatol. 2023;98:406–8.

Trabalho realizado no Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad‐HDT, Goiânia, GO, Brasil.

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Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
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