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Vol. 99. Núm. 2.
Páginas 324-325 (1 março 2024)
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Vol. 99. Núm. 2.
Páginas 324-325 (1 março 2024)
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Aspectos oncológicos relacionados ao tratamento não cirúrgico do carcinoma basocelular. Comentários sobre: “Tratamento quimioterápico do carcinoma basocelular com bleomicina via microinfusão do medicamento na pele (MMP®)”
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Ivanka Miranda de Castro Martinsa, Ana Cláudia Cavalcante Espósitob, Hélio Amante Miota,
Autor para correspondência
helio.a.miot@unesp.br

Autor para correspondência.
a Departamento de Infectologia, Dermatologia, Diagnóstico por Imagem e Radioterapia, Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil
b Serviço de Dermatologia, Universidade do Oeste Paulista, Presidente Prudente, SP, Brasil
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Prezado Editor,

Como a incidência de carcinoma basocelular (CBC) está aumentando, investigações de tratamentos que promovam menor custo e complexidade que a cirurgia são valiosas.1 Portanto, lemos com interesse o artigo de Pacola et al., que propuseram administração de bleomicina intratumoral, utilizando máquina de tatuagem, em uma série de 98 lesões acompanhados por seis meses, resultando em taxa de cura histológica de 96,9% (95%IC 92,9%–99,0%), sobre o qual gostaríamos de comentar certos aspectos oncológicos que refletem a generalização dos resultados.2

Bleomicina intratumoral, em eletroquimioterapia e/ou endovenosa, foi relatada como eficaz no tratamento do CBC em 32 estudos prévios, atingindo taxas de cura de 92% em dois meses de seguimento. Recidivas não impedem o retratamento.3 Isso pode ser valioso em pacientes sem condições cirúrgicas; entretanto, a falta de ensaios randomizados controlados com a cirurgia excisional não permite percepção crítica de custo‐efetividade da infusão de quimioterápicos no tratamento do CBC usual.

Em virtude da baixa taxa mitótica, a avaliação da recidiva histológica é um desfecho adequado para investigação da eficácia de terapias em CBC. Entretanto, a taxa de recidivas aumenta com os anos de seguimento, e apenas 32% delas são detectadas no primeiro ano seguinte à cirurgia,4 o que torna a avaliação em seis meses insuficiente para comparação satisfatória com a literatura oncológica. A recidiva pode ser clinicamente imperceptível por muitos meses, fazendo com que a amostragem por punch, como usado por Pacola et al., possa subestimar sua ocorrência em outra topografia da lesão – até porque o aspecto cicatricial promovido pela bleomicina pode dificultar a suspeita clínica e/ou dermatoscópica de recidiva. Idealmente, o seguimento de mais de três anos e a amostragem histológica de toda a área cicatricial são necessários para correta estimativa da taxa de cura.

Além disso, fatores associados à recorrência de CBC são muito variados, incluindo: tamanho, amplitude da margem, tipo histológico infiltrativo, imunossupressão e topografia. Os autores incluíram na série de casos lesões de alto risco, variaram a escolha de margem de segurança de aplicação e trataram lesões com mais de 3mm de profundidade, o que se estende além do alcance das agulhas da máquina de tatuagem. Ademais, a amostra da lesão de CBC por punch não possibilita estimativa precisa da profundidade e de componentes infiltrativos do CBC como um todo.5

Por fim, cabe alertar para a elevada taxa (19%) de perda de seguimento dos pacientes incluídos na série de casos, sem o devido esclarecimento da causa para tal – se decorrente do tratamento, de efeitos adversos ou da recidiva das lesões.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Ivanka Miranda de Castro Martins: Idealização do estudo, escrita e aprovação do texto final.

Ana Cláudia Cavalcante Espósito: Idealização do estudo, escrita e aprovação do texto final.

Hélio Amante Miot: Idealização do estudo, escrita e aprovação do texto final.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
J.V. Schmitt, V.P. Chinem, M.E. Marques, H.A. Miot.
Increase in the incidence of basal cell carcinoma in a university hospital between 1999 and 2009.
An Bras Dermatol., 86 (2011), pp. 375-377
[2]
P.R. Pacola, R.R.L. Rostey, F.F.A. Rizzo.
Chemotherapeutical treatment of basal cell carcinoma with bleomycin via microinfusion of the drug into the skin (MMP®).
An Bras Dermatol., 98 (2023), pp. 587-594
[3]
K. Hendel, G.B.E. Jemec, M. Haedersdal, S.R. Wiegell.
Electrochemotherapy with bleomycin for basal cell carcinomas: a systematic review.
J Eur Acad Dermatol Venereol., 35 (2021), pp. 2208-2215
[4]
J.P. Ocanha, J.T. Dias, H.A. Miot, H.O. Stolf, M.E. Marques, L.P. Abbade.
Relapses and recurrences of basal cell face carcinomas.
An Bras Dermatol., 86 (2011), pp. 386-388
[5]
F.B. Cerci, E.M. Kubo, B. Werner.
Comparison of basal cell carcinoma subtypes observed in preoperative biopsy and Mohs micrographic surgery.
An Bras Dermatol., 95 (2020), pp. 594-601

Como citar este artigo: Martins IMC, Espósito ACC, Miot HA. Oncological Aspects Related to Non‐Surgical Treatment of Basal Cell Carcinoma. Comments on: chemotherapeutical treatment of basal cell carcinoma with bleomycin via microinfusion of the drug into the skin (MMP®). An Bras Dermatol. 2024;99:324–5.

Trabalho realizado na Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil.

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