Compartilhar
Informação da revista
Vol. 98. Núm. 5.
Páginas 734-735 (1 setembro 2023)
Compartilhar
Compartilhar
Baixar PDF
Mais opções do artigo
Visitas
2962
Vol. 98. Núm. 5.
Páginas 734-735 (1 setembro 2023)
Correspondência
Acesso de texto completo
Características clínicas atípicas de mpox (varíola dos macacos): desafio diagnóstico ‐ Resposta
Visitas
2962
Elena Lucía Pinto‐Pulidoa,
Autor para correspondência
elucia.pinto95@gmail.com

Autor para correspondência.
, Miriam Fernández‐Parradob, Francisco José Rodríguez‐Cuadradoc
a Departamento de Dermatologia, Hospital Universitario Príncipe de Asturias, Universidad de Alcalá, Madri, Espanha
b Departamento de Dermatologia, Hospital Universitario de Navarra, Pamplona, Espanha
c Departamento de Dermatologia, Hospital Universitario Puerta de Hierro, Madri, Espanha
Este item recebeu
Informação do artigo
Texto Completo
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Texto Completo
Prezado Editor,

Publicamos recentemente uma revisão concisa sobre monkeypox (mpox), ou varíola dos macacos, com foco em novas características das lesões dermatológicas observadas durante o surto de 2022.1 Em resposta a esta publicação, Kleebayoon e Wiwanitkit2 enviaram interessante carta apontando a existência de casos de mpox em que o diagnóstico é desafiador em decorrência de lesões cutâneas atípicas ou inicialmente ausentes.

Concordamos que uma porcentagem significante de pacientes não apresenta inicialmente lesões mucocutâneas. Uma grande série de casos de 2022 mostrou que 36% a 61,5% dos pacientes desenvolveram manifestações prodrômicas sistêmicas inespecíficas (febre, mal‐estar, linfadenopatia, cefaleia).1 O diagnóstico preciso antes da presença de lesões mucocutâneas é difícil. Entretanto, é digno de nota que, nesse surto, a ausência de sintomas sistêmicos ou seu aparecimento após as manifestações cutâneas foi mais frequente em comparação com surtos anteriores de mpox clássica.3

Embora as lesões cutâneas típicas consistam em pseudo‐pústulas que podem ser seguidas por uma segunda fase exantemática, outras lesões cutâneas menos frequentes já foram descritas. Por exemplo, alguns pacientes desenvolvem panarício nos dedos da mão. Em um estudo de 2022, panarício nos dedos causado por mpox, além de lesões mucosas e cutâneas únicas, conduziram a diagnósticos clínicos incorretos.3

O envolvimento da mucosa não é incomum, mas os sintomas são inespecíficos, mimetizando outros possíveis diagnósticos. As manifestações orofaríngeas incluem úlceras orais e tonsilares, epiglotite e faringite, levando ao aparecimento de odinofagia e disfagia. A mucosa anorretal pode ser afetada com ulcerações ou proctite, que produzem sintomas como dor, sangramento, tenesmo ou diarreia. O envolvimento da mucosa conjuntival é menos frequente, mas pode causar ceratite e perda da visão.4

Como afirmam Kleebayoon e Wiwanitkit,2 o teste de reação em cadeia da polimerase (PCR) pode aprsentar resultados falso‐positivos e falso‐negativos. Entretanto, essas limitações são inerentes a qualquer teste diagnóstico. Portanto, concordamos que a amostragem e a análise devem ser repetidas em casos duvidosos. Casos atípicos podem até exigir biopsia de pele e exame histopatológico para obter‐se diagnóstico preciso.5 No entanto, até o momento, o teste de PCR é o principal método diagnóstico confirmatório. As lesões de pele têm o maior aproveitamento diagnóstico (sensibilidade de 91% a 100%), mas outras amostras (swab oral, nasofaríngeo ou retal) também podem ser coletadas para avaliação diagnóstica laboratorial em casos sem lesões cutâneas. Em contraste, não há evidências claras sobre a confiabilidade diagnóstica dos testes de PCR no sangue, urina e fezes. Também foram desenvolvidos testes rápidos de antígeno mpox. Sua utilidade prática não é clara, porque esses testes têm sensibilidade menor do que os testes de PCR. Entretanto, eles podem ser úteis se o teste de PCR não estiver disponível.6

Para tornar o diagnóstico de mpox mais fácil para os médicos, diversas ferramentas de inteligência artificial foram desenvolvidas. Elas reconhecem imagens de lesões cutâneas típicas de mpox, diferenciando‐as de imagens de outras doenças. A maioria delas alcançou alta precisão. Contudo, não foram testadas na prática clínica e algumas questões de privacidade ainda precisam ser resolvidas.7

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Elena Lucía Pinto‐Pulido: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica da literatura; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; elaboração e redação do manuscrito; concepção e planejamento do estudo.

Miriam Fernández‐Parrado: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica da literatura; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; revisão crítica do manuscrito; concepção e planejamento do estudo.

Francisco José Rodríguez‐Cuadrado: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica da literatura; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; revisão crítica do manuscrito; concepção e planejamento do estudo.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
E.L. Pinto-Pulido, M. Fernández-Parrado, F.J. Rodríguez-Cuadrado.
2022 Mpox (monkeypox) outbreak: a concise review focused on new features of dermatological lesions.
An Bras Dermatol., (2023),
[2]
A. Kleebayoon, V. Wiwanitkit.
Monkeypox and dermatological lesions.
An Bras Dermatol., (2023), pp. 98
[3]
A. Català, P. Clavo-Escribano, J. Riera-Monroig, G. Martín-Ezquerra, P. Fernandez-Gonzalez, L. Revelles-Peñas, et al.
Monkeypox outbreak in Spain: clinical and epidemiological findings in a prospective cross‐sectional study of 185 cases.
Br J Dermatol., 187 (2022), pp. 765-772
[4]
J.P. Thornhill, S. Barkati, S. Walmsley, J. Rockstroh, A. Antinori, L.B. Harrison, et al.
Monkeypox Virus Infection in Humans across 16 Countries.
N Engl J Med., 387 (2022), pp. 679-691
[5]
F.J. Rodríguez-Cuadrado, L. Nájera, D. Suárez, G. Silvestre, D. García-Fresnadillo, G. Roustan, et al.
Clinical, histopathologic, immunohistochemical, and electron microscopic findings in cutaneous monkeypox: A multicenter retrospective case series in Spain.
J Am Acad Dermatol., 88 (2023), pp. 856-863
[6]
C.K. Lim, J. Roberts, M. Moso, K.C. Liew, M.L. Taouk, E. Williams, et al.
Mpox diagnostics: review of current and emerging technologies.
J Med Virol., 95 (2023), pp. e28429
[7]
K. Chadaga, S. Prabhu, N. Sampathila, S. Nireshwalya, S.S. Katta, R.S. Tan, et al.
Application of artificial intelligence techniques for monkeypox: a systematic review.
Diagnostics (Basel)., 13 (2023), pp. 824

Como citar este artigo: Pinto‐Pulido EL, Fernández‐Parrado M, Rodríguez‐Cuadrado FJ. Atypical clinical features of mpox (monkeypox): a diagnostic challenge. An Bras Dermatol. 2023;98:734–5.

Trabalho realizado no Hospital Universitario Príncipe de Asturias; Hospital Universitario de Navarra, Pamplona; Hospital Universitario Puerta de Hierro, Espanha.

Copyright © 2023. Sociedade Brasileira de Dermatologia
Idiomas
Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
Opções de artigo
Ferramentas
en pt
Cookies policy Política de cookies
To improve our services and products, we use "cookies" (own or third parties authorized) to show advertising related to client preferences through the analyses of navigation customer behavior. Continuing navigation will be considered as acceptance of this use. You can change the settings or obtain more information by clicking here. Utilizamos cookies próprios e de terceiros para melhorar nossos serviços e mostrar publicidade relacionada às suas preferências, analisando seus hábitos de navegação. Se continuar a navegar, consideramos que aceita o seu uso. Você pode alterar a configuração ou obter mais informações aqui.