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Vol. 95. Núm. 1.
Páginas 129-130 (1 janeiro 2020)
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Páginas 129-130 (1 janeiro 2020)
Correspondência
Open Access
Cuidado com artefatos na microscopia confocal de reflectância ao pesquisar hifas na pele acral
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Elisa Cinottia,
Autor para correspondência
elisacinotti@gmail.com

Autor para correspondência.
, Jean Luc Perrotb, Pietro Rubegnia
a Departamento de Ciências Médicas, Cirúrgicas e Neurológicas, Universidade de Siena, Hospital de S. Maria alle Scotte, Siena, Itália
b Departamento de Dermatologia, Hospital Universitário de Saint‐Etienne, Saint‐Etienne, França
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Prezado Editor,

Lemos com interesse o artigo de Veasey et al.1, no qual os autores relatam um caso de tinha negra palmar em que a microscopia confocal de reflectância (MCR) foi usada para confirmar o diagnóstico clínico. Tinha negra é uma micose superficial cutânea pigmentada causada principalmente por Hortaea werneckii. A manifestação clínica típica desse fungo é uma mácula isolada, com coloração marrom a preta, assintomática, com bordas irregulares, localizada principalmente nas palmas das mãos ou nas plantas dos pés, pois se acredita que a infecção ocorra como resultado da inoculação de uma fonte de contaminação (como solo, esgoto, madeira ou adubo composto) após trauma nas áreas afetadas. Embora geralmente sejam maiores e mais claras, essas lesões tendem a se assemelhar a nevos acrais ou melanoma, o que leva a muitas biópsias desnecessárias.

A MCR é uma técnica de imagem emergente e não invasiva que pode mostrar as hifas como estruturas lineares e hiperrefletivas finas no estrato córneo em micoses cutâneas superficiais,2,3 inclusive tinha negra,1,4 o que permite confirmar o diagnóstico clínico e evitar exames micológicos convencionais e biópsias de pele1 (fig. 1). No entanto, as hifas devem ser diferenciadas dos contornos dos queratinócitos normais, que podem formar linhas finas, e de artefatos. Curiosamente, corpúsculos hiperreflexivos estrelados são frequentemente visíveis na pele acral à MCR, possivelmente correspondendo às membranas de queratinócitos em um plano não paralelo ao cabeçote do microscópio.5 A figura 2 mostra a pele acral normal de uma pessoa saudável, na qual esses artefatos são bem visíveis e são idênticos às imagens apresentadas por Veasey et al.1 como hifas de tinha negra. Os autores afirmaram que as hifas identificadas pela MCR na tinha negra eram tortuosas, irregulares e curtas, diferentes da morfologia das hifas delgadas e alongadas dos dermatófitos. No entanto, em nossa experiência e no outro caso de tinha negra relatado na literatura, as hifas de H. werneckii se apresentam alongadas e delgadas à MCR. Além disso, também é possível observar que elas são septadas. O caso de Veasey et al.1 destaca a dificuldade de identificar e descrever pela primeira vez o que não se conhece com as novas técnicas de imagem e sugere cautela ao se fazerem as primeiras descrições no campo da medicina.

Figura 1.

Imagem de microscopia confocal de reflectância de um caso de tinha negra revela estruturas lineares e hiperreflexivas finas na parte superior da epiderme (setas vermelhas; o asterisco indica um acrossiríngeo).

(0.15MB).
Figura 2.

Imagem de microscopia confocal de reflectância da pele acral normal de uma pessoa saudável mostra artefatos que se apresentam como corpúsculos hiperreflexivos estrelados na epiderme (setas amarelas; asteriscos indicam acrossiríngeos).

(0.19MB).

Em conclusão, a MCR pode ajudar a identificar as hifas da tinha negra, assim como de outras micoses cutâneas superficiais, mas a presença de possíveis artefatos que imitam estruturas fúngicas na pele acral deve ser considerada nessa micose que afeta principalmente as palmas das mãos e as plantas dos pés.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Elisa Cinotti: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica do manuscrito.

Jean Luc Perrot: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Pietro Rubegni: Aprovação da versão final do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica do manuscrito.

Conflitos de interesse

Nenhum.

Referências
[1]
J.V. Veasey, R.B. Avila, de, M.A.M. Ferreira, O. de, R. Lazzarini.
Reflectance confocal microscopy of tinea nigra: comparing images with dermoscopy and mycological examination results.
An Bras Dermatol., 92 (2017), pp. 568-569
[2]
E. Cinotti, J.L. Perrot, B. Labeille, F. Cambazard.
Reflectance confocal microscopy for cutaneous infections and infestations.
J Eur Acad Dermatol Venereol., 30 (2016), pp. 754-763
[3]
E. Cinotti, B. Labeille, F. Cambazard, J.L. Perrot.
Reflectance confocal microscopy in infectious diseases.
G Ital Dermatol E Venereol., 150 (2015), pp. 575-583
[4]
L. Uva, P. Leal-Filipe, L. Soares-de-Almeida, J. Ferreira, A. Oliveira.
Reflectance confocal microscopy for the diagnosis of tinea nigra.
Clin Exp Dermatol., 43 (2018), pp. 332-334
[5]
E. Cinotti, J.L. Perrot.
Topographic and Skin Phototype Variations of Skin with special emphasis on facial and acral skin.
Reflectance Confocal Microscopy of Cutaneous Tumors., pp. 120

Como citar este artigo: Cinotti E, Perrot JL, Rubegni P. Beware of reflectance confocal microscopy artifacts when searching hyphae in acral skin. An Bras Dermatol. 2020;95:129–30.

Trabalho realizado no Departamento de Ciências Médicas, Cirúrgicas e Neurológicas, Seção de Dermatologia, Universidade de Siena, Hospital S. Maria alle Scotte, Siena, Itália.

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