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Cartas ‐ Terapia
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Disponível online em 2 de setembro de 2024
Líquen plano pigmentoso invertido induzido por abemaciclibe melhora após a substituição por ribociclibe
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Antoine Communiea,
Autor para correspondência
antoine.communie@chu-angers.fr

Autor para correspondência.
, Isabelle Valob, Patrick Souliéa, Xavier Grimauxa
a Departamento de Oncologia Médica, Institut de Cancérologie de l’Ouest, Angers, França
b Laboratório de Histologia e Citopatologia, Institut de Cancérologie de l’Ouest, Angers, França
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Recebido 06 Setembro 2023. Aceite 01 Novembro 2023
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Prezado Editor,

Abemaciclibe e ribociclibe são inibidores da quinase 4/6 dependente de ciclina (CDK), terapias alvo recentemente aprovadas para o tratamento de câncer de mama com receptor hormonal positivo e receptor de fator de crescimento epidérmico humano 2 negativo, em associação com terapia hormonal, que potencialmente podem causar vários eventos adversos cutâneos. O presente relato descreve um caso de líquen plano pigmentoso invertido (LPPi) induzido pelo tratamento com abemaciclibe, que melhorou após a substituição por ribociclibe.

Paciente feminina, de 61 anos, em tratamento com abemaciclibe há cinco meses com dose de 100mg/dia devido à diarreia; foi internada com pigmentação flexural assintomática das pregas submamária, cubital e inguinal. A paciente tinha pele fototipo Fitzpatrick II e fazia uso apenas de letrozol e loperamida como outros medicamentos, introduzidos simultaneamente. Apresentava pápulas acinzentadas hiperpigmentadas e descamação nas áreas flexurais (figs. 1 e 2), sem envolvimento de mucosas. A histopatologia de pele da coxa direita evidenciou epiderme acantótica e ortoceratótica com exocitose de células linfoides, e infiltrado linfocitário em faixa na derme papilar (padrão liquenoide) com incontinência pigmentar e melanófagos (fig. 3), consistente com o diagnóstico de liquen plano pigmentoso. O abemaciclibe foi suspenso em virtude da progressão rápida das lesões e de toxicidade digestiva; a reação liquenoide ao medicamento começou a diminuir após 15 dias. O tratamento foi então alterado para ribociclibe com uso de betametasona tópica por cerca de um mês. A paciente interrompeu o uso de corticoides tópicos à medida que as lesões hiperpigmentadas diminuíram. Desde então, foi tratada com ribociclibe sem qualquer progressão das lesões restantes.

Figura 1.

Pápulas hiperpigmentadas acinzentadas e descamação na prega cubital (A) e região abdominal inferior (B).

(0.4MB).
Figura 2.

Lesões reticulares hiperpigmentadas acinzentadas bilaterais submamárias com aspecto papuloso e descamação (A, B).

(0.25MB).
Figura 3.

Histopatologia. Infiltrado linfo‐histiocitário com incontinência pigmentar, infiltrado inflamatório em faixa (padrão liquenoide) na derme papilar com exocitose e acantose (Hematoxilina & eosina 100×[A] e 400×[B]).

(0.53MB).

O LPPi é variante rara do líquen plano que se apresenta como hiperpigmentação macular simétrica adquirida, de coloração acinzentada ou marrom‐azulada com bordas eritematosas nas áreas flexurais e intertriginosas, poupando as áreas expostas ao sol. As manifestações cutâneas secundárias ao uso de inibidores de CDK4/6 são principalmente alopecia, erupção cutânea e prurido, de acordo com revisão recente do Adverse Event Reporting System da FDA dos EUA, realizada por Raschi et al.1 Até o momento, apenas um caso de LPP foi relatado em relação com o uso de ribociclibe por Mariano et al.,2 e um caso de hiperpigmentação secundária ao uso de abemaciclibe por Salusti‐Samson et al.3 Erupções liquenoides também foram descritas com letrozol, mas foram excluídas neste caso em virtude da melhora sem interrupção do tratamento. O LPPi envolve participação de linfócitos T citotóxicos, mas sua patogênese permanece desconhecida.

LPPi foi relatado em associação com trauma mecânico, vírus da hepatite C e após vacinação contra COVID‐19 por Chaima et al.,4 o que não foi o caso da paciente descrita neste relato. Que seja de conhecimento dos autores, é o primeiro caso relatado de LPPi induzido por inibidor de CDK4/6 que melhorou após a substituição por outro inibidor. Isso pode estar ligado à maior seletividade para CDK4 do que para CDK6 do abemaciclibe versus outros inibidores. Isso sugere que a reação liquenoide não ocorre com todos os medicamentos dessa classe, e que a substituição do inibidor de CDK4/6 pode ser opção viável.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Antoine Communie: Aprovação da versão final do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Isabelle Valo: Aprovação da versão final do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica do manuscrito.

Patrick Soulié: Aprovação da versão final do manuscrito; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica do manuscrito.

Xavier Grimaux: Aprovação da versão final do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
E. Raschi, M. Fusaroli, M. La Placa, A. Ardizzoni, C. Zamagni, E. Poluzzi, et al.
Skin toxicities with cyclin‐dependent kinase 4/6 inhibitors in breast cancer: signals from disproportionality analysis of the FDA adverse event reporting system.
Am J Clin Dermatol., 23 (2022), pp. 247-255
[2]
M. Mariano, P. Donati, N. Cameli, F. Pigliacelli, A. Morrone, A. Cristaudo.
Ribociclib‐induced erythema dyschromicum perstans (ashy dermatosis)‐like pigmentation in a metastatic breast cancer patient.
J Breast Cancer., 24 (2021), pp. 117-121
[3]
M. Salusti-Simpson, H. Porter, K. Morley.
A likely case of abemaciclib‐induced hyperpigmentation in a patient with metastatic breast cancer.
Cureus., 14 (2022), pp. e28948
[4]
K. Chaima, H. Fatma, K. Nadine, K. Chahir, B. Emna, S. Khadija, et al.
Lichen planus pigmentosus post COVID‐19‐vaccination: a case report with literature review.
Dermatol Ther., 35 (2022), pp. e15891

Como citar este artigo: Communie A, Valo I, Soulié P, Grimaux X. Abemaciclib‐induced lichen planus pigmentosus inversus improving after switching to ribociclib. An Bras Dermatol. 2024;99. https://doi.org/10.1016/j.abd.2023.11.007

Trabalho realizado no Institut de Cancérologie de l’Ouest, Angers, França.

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Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
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