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Vol. 97. Núm. 6.
Páginas 835-837 (1 novembro 2022)
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Vol. 97. Núm. 6.
Páginas 835-837 (1 novembro 2022)
Carta ‐ Caso clínico
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«Old but Gold» – Retalho de avanço condrocutâneo de hélice de Antia e Buch: série de casos
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Paula Hitomi Sakiyamaa,
Autor para correspondência
paulasakiyama@gmail.com

Autor para correspondência.
, Thiago Augusto Ferraria, Raíssa Rigo Garbina, Roberto Gomes Tarléa,b
a Departamento de Dermatologia, Hospital Santa Casa de Curitiba, Curitiba, PR, Brasil
b Disciplina de Dermatologia, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, PR, Brasil
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Tabela 1. Etapas para execução do retalho de Antia e Buch
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Prezado Editor,

O pavilhão auricular é alvo frequente de neoplasias malignas. Metade dos tumores localizam‐se na hélice e muitos defeitos envolvem tanto pele quanto cartilagem, o que torna a reconstrução cirúrgica um desafio.1 Neste artigo, descrevemos três casos de carcinomas queratinocíticos em hélice reparados com retalho de avanço condrocutâneo de Antia e Buch.2 A tabela 1 descreve o passo a passo da técnica.

Tabela 1.

Etapas para execução do retalho de Antia e Buch

1) Antissepsia 
2) Demarcação da margem cirúrgica 
3) Anestesia local e exérese da lesão 
4) Desenho do retalho marcando uma linha no limite anterior à hélice, inferiormente ao defeito, estendendo‐se até o lóbulo, e do triângulo de compensação retroauricular 
5) Incisão linear na face anterior da orelha, ao longo da curvatura da hélice até o lóbulo, incluindo cartilagem, sem transfixar a pele retroauricular. Pode ser desenhado um triângulo de compensação no lóbulo 
6) Descolamento retroauricular sobre a cartilagem com tesoura romba (pedículo do retalho) 
7) Hemostasia 
8) Movimento de avanço do retalho condrocutâneo através da sutura da cartilagem 
9) Ressecção do triângulo de compensação retroauricular 
10) Sutura da pele 
11) Curativo compressivo 

O primeiro paciente apresentava carcinoma espinocelular (CEC) in situ, com 13mm no maior diâmetro, submetido à cirurgia micrográfica de Mohs (CMM) e removido no primeiro estágio. Já o segundo, tratava‐se de carcinoma basocelular (CBC) infiltrativo, com 8mm no maior diâmetro, removido em dois estágios por meio da CMM. Por fim, o terceiro era um CEC bem diferenciado, com 10mm no maior diâmetro, ressecado pela técnica convencional (fig. 1).

Figura 1.

(A), Lesão clínica e delimitação da margem. Desenho do retalho, com triângulo de compensação ao nível do lóbulo auricular. (B), Defeito cirúrgico composto (pele e cartilagem) e incisão linear na face anterior da orelha. (C), Visão posterior do movimento de avanço, após ressecção do triângulo de compensação retroauricular. (D‐E), Sutura por planos e pós operatório imediato. (F), Pós‐operatório tardio.

(1.27MB).

O planejamento cirúrgico é essencial para a obtenção de bons resultados na abordagem dos tumores da região auricular. Dentre suas peculiaridades, observamos quantidade expressiva de cartilagem, que pode não resistir a distorções secundárias à contratura da cicatriz. Além disso, há risco maior de necrose em decorrência da natureza fina da pele auricular. No caso da hélice, a escolha do reparo é feita com base na localização, no tamanho do defeito e na quantidade de perda cartilaginosa. Pequenos defeitos (< 1‐1,5 cm) são facilmente reconstruídos com excisão em cunha e fechamento primário, diferente dos defeitos maiores, que exigem o emprego de enxertos ou retalhos.

Os enxertos demandam estrutura cartilaginosa preservada, com pericôndrio viável ou perfurações na cartilagem para possibilitar irrigação pelo leito contralateral. Já nos defeitos compostos, a perda estrutural da margem da hélice requer cartilagem e pele para seu reparo, que pode ser realizada pelas seguintes técnicas: enxerto composto proveniente do pavilhão auricular contralateral; retalhos interpolados com utilização de cartilagem; retalho condrocutâneo.1,3‐5 O último é frequentemente utilizado e pode ser realizado por meio da incisão da pele em apenas uma superfície da orelha e cartilagem, como descrito por Antia e Buch, ou por incisão de espessura total incluindo pele das duas superfícies e cartilagem (fig. 2).

Figura 2.

(A), Retalho condrocutâneo clássico. (A.1), Defeito helicoidal, linhas tracejadas indicam incisões na pele e cartilagem. (A.2), Incisão na face anterior da orelha, incluindo cartilagem, sem transfixar a pele retroauricular. (A.3), Movimento de avanço e sutura da cartilagem. (A.4), Sutura da pele. (B), Retalho condrocutâneo de espessura total. (B.1), Defeito helicoidal. (B.2), Incisão na face anterior e posterior da orelha, incluindo cartilagem, transfixando pele retroauricular. (B.3), Movimento de avanço. (B.4), Sutura por planos.

(0.25MB).

O retalho condrocutâneo foi retratado pela primeira vez por por Antia e Buch, em 1967. O princípio do procedimento é um avanço de pele e cartilagem da porção intacta da hélice adjacente ao defeito, com base em um pedículo retroauricular amplo e seguro, com maior preservação da vascularização da artéria auricular posterior.2 No entanto, a forma clássica perdeu destaque, pois desde o relato inicial diversas modificações foram realizadas ‐ inclusive com a incisão da linha de transição da hélice ao dorso da orelha, limitando a irrigação por restringir o pedículo apenas à porção inferior do retalho, com risco de comprometimento da vascularização local.

Portanto, o retalho de Antia e Buch, apesar de descrito há mais de 50 anos, mantém seu papel em meio às técnicas de reconstrução da hélice, e seu conhecimento é importante ao cirurgião dermatológico. Trata‐se de método eficaz, seguro, executado em uma única etapa e com a vantagem adicional de manter a vascularização local, diminuindo o risco de necrose.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Paula Hitomi Sakiyama: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Thiago Augusto Ferrari: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Raíssa Rigo Garbin: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Roberto Gomes Tarlé: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
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K. Sanniec, M. Harirah, J.F. Thornton.
Ear Reconstruction after Mohs Cancer Excision: Lessons Learned from 327 Consecutive Cases.
Plast Reconstr Surg., 144 (2019), pp. 719-729
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N.H. Antia, V.I. Buch.
Chondrocutaneous advancement flap for the marginal defect of the ear.
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M. Durğun, S. Baş.
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Ann Plast Surg., 82 (2019), pp. 533-536
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G.A. Gadens, P.R. Pacola, A. Kimyai-Asadi.
Reconstrução da região superior da hélice.
Surg Cosmet Dermatol., 5 (2013), pp. 161-163
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C.E. Butler.
Reconstruction of marginal ear defects with modified chondrocutaneous helical rim advancement flaps.
Plast Reconstr Surg., 111 (2003), pp. 2009-2013

Como citar este artigo: Sakiyama PH, Ferrari TA, Garbin RR, Tarlé RG. Old but gold – Antia and Buch chondrocutaneous advancement flap for helical reconstruction: a series of cases. An Bras Dermaol. 2022;97:835–7.

Trabalho realizado no Serviço de Dermatologia do Hospital Santa Casa de Curitiba, Curitiba, PR, Brasil.

Copyright © 2022. Sociedade Brasileira de Dermatologia
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Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
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