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Vol. 97. Núm. 3.
Páginas 399-400 (1 maio 2022)
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Páginas 399-400 (1 maio 2022)
Carta ‐ Caso clínico
Open Access
Poroceratose superficial eruptiva em paciente com síndrome nefrótica
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Masato Ishikawa
Autor para correspondência
ishimasa@fmu.ac.jp

Autor para correspondência.
, Toshiyuki Yamamoto
Departamento de Dermatologia, Fukushima Medical University, Fukushima, Japão
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Prezado Editor,

Paciente do sexo feminino, 34 anos, foi encaminhada ao nosso serviço com múltiplas lesões assintomáticas que surgiram havia duas semanas. O exame físico revelou múltiplas placas arredondadas, planas e acastanhadas, bem circunscritas, com bordas levemente elevadas, algumas das quais recobertas por escamas (figs. 1 e 2). Eram nove lesões no total: seis no membro inferior direito e lesão única no membro inferior esquerdo, na coxa esquerda e no membro superior direito. A histopatologia de uma biópsia de pele evidenciou células disceratóticas na epiderme adelgaçada, lamela cornoide e ausência da camada granulosa. Infiltrado linfocítico perivascular superficial também foi observado na derme (fig. 3). O teste da banda lúpica foi negativo, e a imunomarcação para papilomavírus humano também foi negativa. A paciente estava internada no Departamento de Nefrologia e Hipertensão por síndrome nefrótica e estava sendo tratada com prednisolona oral (25mg/dia), ciclosporina (50mg/dia) e mizoribina (150mg/dia). A paciente não apresentava diabetes induzida por esteroides. Os dados laboratoriais mostraram níveis anormais de triglicérides (701mg/dL), colesterol total (607mg/dL) e colesterol de lipoproteína de baixa densidade (405mg/dL). Os níveis séricos do complemento, de imunoglobulina G (IgG), anticorpos antinucleares, anticorpos anti‐DNA, anticorpos anti‐Sm e fator reumatoide estavam todos dentro da normalidade. Embora a função renal fosse normal, observou‐se proteinúria com cilindros hialinos, e o exame de imunofluorescência em biópsia renal revelou deposição granular de IgM e IgG na membrana basal. Como a deposição do componente 1q do complemento foi detectada adicionalmente, ela foi inicialmente considerada com suspeita de nefrite lúpica; entretanto, não apresentava outros sintomas compatíveis com lúpus eritematoso sistêmico. Foi aplicada pomada tópica de corticosteroide, mas a paciente descontinuou a terapia tópica.

Figura 1.

Múltiplas lesões ceratóticas eritematosas na extremidade inferior direita.

(0.04MB).
Figura 2.

Detalhe da lesão mostrando lesão eritematosa circunscrita, levemente elevada, com escamas.

(0.08MB).
Figura 3.

Histopatologia evidenciando células disceratóticas na epiderme adelgaçada com formação de lamela cornoide e ausência parcial da camada granulosa. Infiltrado linfocítico perivascular superficial também foi observado na derme (Hematoxilina & eosina, 200×).

(0.15MB).

A poroceratose eruptiva é caracterizada pelo rápido início da poroceratose, que ocasionalmente se apresenta com mais de 100 lesões afetando várias regiões, em associação com condições paraneoplásicas, imunossupressoras, inflamatórias e outras.1 Sabe‐se que a poroceratose se desenvolve em associação com imunossupressão sistêmica ou sob terapias imunossupressoras; entretanto, ainda não está claro como a imunossupressão induz o desenvolvimento de poroceratose.2 Um possível mecanismo é que a imunossupressão induza uma população alterada de ceratinócitos epidérmicos direta ou indiretamente.2 O clone anormal de ceratinócitos prolifera de maneira desordenada e altera o crescimento normal da epiderme.3 Pacientes com insuficiência renal raramente desenvolvem poroceratose múltipla.4,5 Como a disfunção renal pode induzir várias alterações imunorregulatórias, sugere‐se que esses casos sejam um novo subtipo de poroceratose relacionado à imunossupressão.5 No presente caso, a paciente foi inicialmente diagnosticada com nefrite lúpica. Ela pode desenvolver lúpus eritematoso sistêmico no futuro; entretanto, os critérios de nefrite lúpica não foram preenchidos até o momento. De qualquer forma, a paciente apresentava nefrite ativa com síndrome nefrótica e foi tratada com terapias imunossupressoras. O desenvolvimento de poroceratose foi, portanto, considerado relacionado à terapia imunossupressora ou à atividade da nefrite. Embora não haja certeza sobre qual foi o gatilho direto para o aparecimento rápido da poroceratose múltipla, uma vez que a paciente ainda apresentava função renal normal apesar da presença de proteinúria, terapias imunossupressoras podem ter levado ao desenvolvimento de poroceratose múltipla no presente caso.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuições dos autores

Masato Ishikawa: Projetou o estudo; realizou a pesquisa e contribuiu para a análise e interpretação dos dados; redigiu a versão inicial do manuscrito; leu e aprovou a versão final do manuscrito.

Toshiyuki Yamamoto: Projetou o estudo; auxiliou na preparação do manuscrito; leu e aprovou a versão final do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
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Int J Dermatol., 31 (1992), pp. 781-782
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M. Pérez-Crespo, I. Betlloch, A. Lucas-Costa, J. Bañuls-Roca, M.N. Jaime, J. Mataix.
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M.H. Hernandez, C.H. Lai, S.B. Mallory.
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Como citar este artigo: Ishikawa M, Yamamoto T. Eruptive superficial porokeratosis in a patient with nephrotic syndrome. An Bras Dermatol. 2022;97:399–400.

Trabalho realizado na Fukushima Medical University, Fukushima, Japão.

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