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Vol. 98. Núm. 2.
Páginas 261-263 (1 março 2023)
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Carta ‐ Caso Clínico
Open Access
Tratamento bem‐sucedido de manchas penianas de vitiligo e consequente disfunção sexual por meio de enxertia epidérmica por bolhas de sucção
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Mahmoudreza Moradia, Hossein Kavoussib,
Autor para correspondência
hkavoussi@gmail.com
hkawosi@kums.ac.ir

Autor para correspondência.
, Reza Kavoussia
a Kermanshah University of Medical Science, Kermanshah, Irã
b Clínica Dermatológica Hajdaie, Faculdade de Medicina, Kermanshah University of Medical Sciences, Kermanshah, Irã
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Prezado Editor,

O vitiligo é doença pigmentar comum, com muitas consequências psicossociais, como a disfunção sexual (DS). No vitiligo refratário, como por exemplo as lesões de vitiligo em pele glabra, o tratamento médico é decepcionante. Nos últimos anos, intervenções cirúrgicas, como o enxerto autólogo de melanócitos não cultivados (ANCMG – autologous non‐cultured melanocyte grafting) e a enxertia epidérmica por bolhas de sucção (SBEG – suction blister epidermal grafting), foram desenvolvidas para o tratamento do vitiligo estável.1,2 Mas as manchas de vitiligo em áreas difíceis de tratar, como a genitália externa masculina, mesmo com esses métodos, podem apresentar resultados insatisfatórios.2,3

Um homem de 32 anos apresentou manchas despigmentadas localizadas principalmente na glande do pênis (fig. 1) acompanhadas de DS há 58 e 32 meses atrás, respectivamente. A investigação laboratorial, incluindo tireoide, não mostrou achados anormais. O paciente havia se casado há seis anos, mas 28 meses depois sofreu DS, pois ele e sua esposa temiam que o vitiligo fosse contagioso. Ele havia sido submetido a vários tratamentos, incluindo ANCMG, pelo Centro de Dermatologia e Desordens Sexuais (SDC), mas não obteve resposta adequada ao tratamento. Não houve desenvolvimento de novas lesões nos últimos 12 meses.

Figura 1.

Vitiligo peniano antes do tratamento.

(0.38MB).

A utilização de SBEG foi sugerida, por ser área de difícil tratamento e por não ter havido resposta ao tratamento anterior. Primeiro, as manchas despigmentadas foram submetidas a dermoabrasão sob anestesia. A região anterolateral da perna foi considerada área doadora e utilizou‐se a técnica do funil cilíndrico3 para a coleta dos enxertos. A bolha obtida foi destacada e colocada sobre o local receptor (fig. 2).

Figura 2.

Enxerto epidérmico colhido colocado sobre o local de abrasão receptor.

(0.42MB).

Foi recomendado repouso parcial no leito por sete dias, muito cuidado ao utilizar o banheiro e evitar situações que pudessem induzir a ereção peniana. Repigmentação completa foi alcançada sem qualquer complicação após três meses (fig. 3).

Figura 3.

Excelente resultado do local tratado após três meses.

(0.65MB).

Para o manejo da DS, o paciente foi encaminhado para o SDC. Após 12 meses, apresentou repigmentação persistente, melhora da DS e gravidez da esposa.

Sukan et al.4 demonstraram que doenças crônicas da pele, como o vitiligo, têm influências indesejáveis na atividade sexual. Mas outro estudo mostrou que a presença ou ausência de manchas de vitiligo na genitália não teve efeitos nas funções sexuais.5

Parece que no paciente aqui descrito, a DS foi consequência do vitiligo, porque não havia achado de anormalidades nas avaliações realizadas no SDC e a DS foi induzida pelo vitiligo.

Em estudos limitados com alguns casos de vitiligo genital, tratados pela técnica de ANCMG, foram obtidos resultados de repigmentação de deficientes a bons.1,3

Considera‐se que o insucesso das intervenções cirúrgicas na genitália masculina esteja relacionado a sua mobilidade, mudança de tamanho, ereção, maior suscetibilidade a infecção e cuidados principalmente durante o uso do banheiro.

O SBEG é método eficiente para o manejo do vitiligo limitado, estável e resistente, com resultados de tratamento variáveis.2,3 No método SBEG, a fixação dos locais receptores é muito importante para alcançar o resultado ideal.2 É muito difícil manter o genital masculino no estado de imobilidade.

Na revisão da literatura, o paciente aqui descrito é o primeiro caso que obteve melhora com sucesso tanto das manchas de vitiligo quanto da DS por meio do SBEG. A utilização do método de SBEG no vitiligo genital estável é sugerida, com efeito na DS.

Este relato de caso foi aprovado pelo Comitê de Ética da Kermanshah University of Medical Sciences. O paciente assinou o termo de consentimento informado.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Mahmoudreza Moradi: Concepção e planejamento do estudo; revisão crítica da literatura.

Hossein Kavoussi: Aprovação da versão final do manuscrito; participação efetiva na orientação da pesquisa; concepção e planejamento do estudo; revisão crítica do manuscrito.

Reza Kavoussi: Participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; elaboração e redação do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
M.G. Ramos, D.G. Ramos, C.G. Ramos.
Evaluation of treatment response to autologous transplantation of noncultured melanocyte/keratinocyte cell suspension in patients with stable vitiligo.
An Bras Dermatol, 92 (2017), pp. 312-318
[2]
A. Ebrahimi, M. Radmanesh, H. Kavoussi.
Recipient site preparation for epidermal graft in stable vitiligo by a special fraise.
An Bras Dermatol., 90 (2015), pp. 55-60
[3]
G. Dellatorre, W. Bertolini, C.C.S. Castro.
Optimizing suction blister epidermal graft technique in the surgical treatment of vitiligo.
An Bras Dermatol., 92 (2017), pp. 888-890
[4]
M. Sukan, F. Maner.
The problems in sexual functions of vitiligo and chronic urticaria patients.
J Sex Marital Ther., 33 (2007), pp. 55-64
[5]
D. Yucel, S. Sener, D. Turkmen, N. Altunisik, G. Sarac, H.B. Cumurcu.
Evaluation of the Dermatological Life Quality Index, sexual dysfunction and other psychiatric diseases in patients diagnosed with vitiligo with and without genital involvement.
Clin Exp Dermatol., 46 (2021), pp. 669-674

Como citar este artigo: Moradi M, Kavoussi H, Kavoussi R. Successfully treatment of penile vitiligo patches and their sexual dysfunction consequences by suction blister epidermal grafting. An Bras Dermatol. 2023;98:271–2.

Trabalho realizado na Clínica Dermatológica Hajdaie, Kermanshah, Irã.

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