Após cinco anos de convivência com Autores, Revisores e Leitores, nós, os atuais Editores, chegamos ao final de nosso tempo de gestão à frente dos Anais Brasileiros de Dermatologia (ABD). É momento de prestar contas e salientar as modificações implementadas e os desafios à frente. Entendemos que a dinâmica do processo sucessório nos periódicos científicos, e nos ABD em particular, assemelha‐se à passagem do bastão numa prova esportiva de revezamento. O princípio é fazer o melhor para entregar a gestão na melhor posição possível aos novos líderes que, por sua vez, farão igualmente o seu melhor para entregar o bastão em posição ainda mais à frente de que quando o receberam. Tal filosofia foi claramente demonstrada e praticada nos últimos 25 anos de história dos ABD.1 Essa mudança de Editores é salutar por adicionar novas experiências e trazer diferentes perspectivas.

Como exposto em Editoriais precedentes, em particular aqueles do volume 99 (1)2 e volume 100(4),3 as métricas utilizadas para análise dos periódicos científicos podem incorporar vieses segundo as metodologias utilizadas e, certamente, exigem diferentes interpretações quando se comparam diferentes especialidades médicas. Porém, a despeito desses fatos, os Editores de um periódico científico devem refletir sobre futuros caminhos, diferentes propostas e inciativas para atingir melhor ranking quando comparam suas métricas com aquelas de periódicos afins. Portanto, tomando como base os informes do Fator de Impacto, CiteScore e Scimago Journal Rank (SJR), e ciente de que cada qual com sua metodologia e diferentes bases de dados, essa gestão dos ABD tomou várias iniciativas, com realce àquelas de excluir seções de baixo impacto, transformar outras em cartas, desdobrar seção de casos clínicos, incluindo as cartas‐terapia, e ampliar espaço para artigos de investigação e revisão. Evidentemente que de maneira paulatina, pois a existência de artigos aprovados para determinada seção implicava na sua manutenção até o término dos artigos a ela destinados. Outra iniciativa imperativa para mudanças foi a necessidade de redução do tempo de espera para publicação. O que fizemos, reduzindo o número de artigos aceitos, aumentando o número de artigos por fascículos e acelerando a editoração de artigos on‐line, o que se mostrou eficiente. E ainda, inerente à importância de um periódico científico é sua visibilidade e sua coerência em publicar aquilo de maior interesse aos leitores, sem no entanto descuidar da qualidade gráfica e da qualidade das imagens clínicas, histológicas, dermatoscópicas e de imagens em geral. Como consequência das modificações implementadas ao longo do período e do esforço coletivo de Editores Científicos e Técnicos, Autores e Revisores, os ABD ampliaram seu escopo, ganhando mais visibilidade e melhoria em todas as suas métricas. Como exemplo, destaca‐se o fator de impacto crescer de 2,1 em 2021 para 3,6 em 2024 e do quartil 3 ascender para o quartil 1 dentre 96 periódicos auditados.3 Foram também fatores determinantes para o crescimento dos ABD manter e ampliar sua tradição plural: artigos de dermatologia infecciosa convivem com artigos de cirurgia micrográfica, os de dermatologia tropical com os de cosmiatria, os de pesquisa básica com os de pesquisa clínica ou epidemiológica.4–6 E, ainda, abriga artigos de estomatologia oriundos ou em associação com Faculdades de Odontologia, sobre úlceras crônicas com a participação ou oriundos de Departamentos e Faculdades de Enfermagem.7–10

Consolida‐se também como periódico científico de alcance internacional, com artigos de diferentes países e, como não poderia ser diferente, com ênfase naqueles oriundos da Ibero‐Latino‐América. Evidentemente, há desafios a superar, entre eles o que pode ter impacto crescente nos periódicos científicos, que é o uso correto e o potencial uso incorreto da Inteligência Artificial (IA). Os ABD terão uma página em suas normas que indicará como e quando declarar o uso da IA, para tais e quais inserções no texto submetido. No entanto, desde já fica claro que o uso da IA para melhorar a qualidade do texto em termo de fluência, correção gramatical e edição em língua inglesa é permitido e mesmo bem‐vindo. Mas, será tema de debate interno e externo a permissão de uso ou não da IA por parte dos Revisores, entre outras questões inerentes ao texto científico.

Demais assuntos de impacto coletivo, como a publicação apenas on‐line dos ABD, cobrar ou não por publicação de artigos, e caso sim, de todos, incluindo associados? Essas questões devem ser debatidas e votadas pelo Conselho da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). E mais: como atuar sobre as aparentes razões culturais que impedem alguns autores que publicam no exterior de citarem os ABD, mesmo existindo artigos pertinentes e da lavra dos próprios autores. Há decisões já tomadas e a implementar (p. ex., ter os ABD impresso e on‐line exclusivamente na língua inglesa, o que será desafiante no seu início). E, certamente, novas propostas e iniciativas a serem debatidas e implementadas. Como já dissemos, trata‐se de revezamento de lideranças – portanto, outros nomes ou funções, mas com os mesmos alicerces, fundamentos, objetivos e, certamente, com novas visões, metodologias, exigências... E pur si muove.

Nossos agradecimentos àqueles Autores e Revisores que caminharam conosco, à Diretoria da SBD pelo apoio inconteste, à Editora Elsevier, pela presença e contribuição nas discussões e nas melhorias implementadas e aos Editores Técnicos pela excelência. E boas‐vindas e votos de total sucesso aos novos Editores, gestão 2026‐2031.