Compartilhar
Informação da revista
Vol. 98. Núm. 6.
Páginas 847-849 (1 novembro 2023)
Compartilhar
Compartilhar
Baixar PDF
Mais opções do artigo
Visitas
4436
Vol. 98. Núm. 6.
Páginas 847-849 (1 novembro 2023)
Cartas ‐ Caso clínico
Acesso de texto completo
Caso para diagnóstico. Nódulo unilateral no mamilo
Visitas
4436
Raúl Gerardo Mendez‐Floresa,
Autor para correspondência
mendezfloresdr@gmail.com

Autor para correspondência.
, Karen Uriarte‐Ruiza, María Elisa Vega‐Memijeb, Daniela Ruiz‐Gomezb, Sonia Toussaint‐Cairea
a Departamento de Dermatopatologia, General Hospital “Dr. Manuel Gea González”, Cidade do México, México
b Departamento de Dermatologia, General Hospital “Dr. Manuel Gea González”, Cidade do México, México
Este item recebeu
Informação do artigo
Texto Completo
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Figuras (2)
Texto Completo
Prezado Editor,

Paciente do sexo feminino, hispânica, de 44 anos, procurou a Clínica de Dermatologia com lesão exofítica assintomática no mamilo direito que estava presente havia dois anos. Não apresentava história familiar de câncer de mama. A lesão começou como uma pequena placa eritematosa que gradualmente cresceu e desenvolveu erosão focal. Ao exame dermatológico, notou‐se lesão eritematosa, dura, mal definida, medindo 1,0×1,0cm, com erosão central, essa também vista à dermatoscopia (fig. 1). Não havia linfadenopatia ou retração mamilar.

Figura 1.

(A) Nódulo firme mostrando erosão central no mamilo direito. (B) A dermatoscopia mostra áreas róseas‐esbranquiçadas e áreas vermelhas sem estrutura

(0.58MB).

Foi realizada biopsia incisional do mamilo direito. A histopatologia revelou tumor dérmico bem circunscrito com configuração adenomatosa e papilífera. O tumor consistia em múltiplas estruturas ductais revestidas por dupla camada de células colunares eosinofílicas, algumas das quais apresentavam secreção por decapitação celular. Uma camada basal de células mioepiteliais estava presente. A abertura ductal se comunicava com o epitélio superficial em uma das extremidades. Não foi observada atipia celular ou pleomorfismo (fig. 2).

Figura 2.

(A) Histopatologia mostrando proliferação glandular dérmica bem circunscrita e não encapsulada (Hematoxilina & eosina, 100×). (B e C) Estruturas ductais revestidas por células epiteliais cuboides, que apresentam projeções secretoras apócrinas na borda luminal (Hematoxilina & eosina, 400×)

(1.39MB).
Qual o seu diagnóstico?

  • a)

    Doença de Paget da mama

  • b)

    Dermatite de contato

  • c)

    Carcinoma ductal

  • d)

    Adenomatose erosiva do mamilo

Discussão

A adenomatose erosiva do mamilo (AEM), também conhecida como adenoma mamilar, adenoma papilífero do mamilo ou papilomatose florida, é tumor epitelial benigno incomum que se origina dos ductos lactotróficos do complexo areolopapilar. Foi relatada pela primeira vez como papiloma intraductal benigno em 1951, por Haagensen et al.1,2

Como no presente paciente, afeta mulheres de meia‐idade, com média de idade de 43 a 45 anos, e é incomum no sexo masculino.2

Clinicamente, apresenta‐se como massa eritematosa unilateral com erosão parcial ou completa, e secreção serosa ou serossanguinolenta. Em estádios avançados, o mamilo torna‐se aumentado, espesso e endurecido e pode se apresentar como uma grande massa exofítica.3

A doença de Paget mamária também pode se manifestar como tumor mamilar com erosão e secreção serossanguinolenta, e frequentemente está associada ao carcinoma ductal in situ.4 Assim, os diagnósticos diferenciais mais importantes incluem doença de Paget mamária e carcinoma ductal mamário; no entanto, outras doenças inflamatórias (dermatite de contato) e infecciosas podem mimetizar a AEM.

Os achados histopatológicos são a evidência mais valiosa para diferenciar a AEM dos tumores mamários inflamatórios e malignos. A histopatologia revela uma proliferação glandular, bem circunscrita, não encapsulada, revestida por dupla camada de células característica composta por uma camada externa de células mioepiteliais cúbicas ou achatadas e uma camada interna de células epiteliais cuboides ou cilíndricas, que podem apresentar projeções secretoras apócrinas em sua borda luminal.1 A ausência de atipia citológica é uma característica importante.

A excisão cirúrgica com ressecção do mamilo é a terapia de escolha. A cirurgia micrográfica de Mohs e o procedimento de enucleação com splitting do mamilo podem remover totalmente o tumor, preservando a aparência e a funcionalidade desse sítio vital.4 Outros autores relataram resultados favoráveis de tratamento com criocirurgia e terapia fotodinâmica.5,6

A identificação dessa lesão é crítica em virtude das implicações clínicas e terapêuticas, pois mastectomias desnecessárias ou cirurgias extensas podem ser evitadas com o diagnóstico correto. A paciente do presente caso foi tratada com excisão completa do tumor sem recidiva após um ano de seguimento.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Raúl Gerardo Mendez Flores: Redação do manuscrito ou revisão crítica de conteúdo intelectual importante; participação efetiva na orientação da pesquisa; aprovação da versão final do manuscrito.

Karen Uriarte Ruiz: Revisão crítica da literatura; redação do manuscrito ou revisão crítica de conteúdo intelectual importante.

María Elisa Vega Memije: Participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados.

Daniela Ruiz Gomez: Revisão crítica da literatura; redação do manuscrito ou revisão crítica de conteúdo intelectual importante.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
M. Quintana-Codina, N. Pérez-Muñoz, M.T. Fernández-Figueras, A. Altemir, M. Salleras.
Adenoma of the nipple: a mimic of breast malignancy.
Dermatol Online J., 27 (2021), pp. 1-4
[2]
S.N.N.H. Na, V. Shaw, B.K.T. Tan.
Nipple base‐splitting enucleation (NiBSE) can preserve cosmesis and nipple sensation for the complete excision of benign nipple lesions.
Breast J., 26 (2020), pp. 2280-2282
[3]
M.S. Cosechen, A.S. Wojcik, F.M. Piva, B. Werner, S.Z. Serafini.
Erosive adenomatosis of the nipple.
An Bras Dermatol., 86 (2011), pp. S17-S20
[4]
L.L. Lopes Filho, I.M. Lopes, L.R. Lopes, M.M. Enokihara, A.O. Michalany, N. Matsunaga.
Mammary and extramammary Paget's disease.
An Bras Dermatol., 90 (2015), pp. 225-231
[5]
K.N. Bae, K. Shin, W.I. Kim, M.Y. Yang, W.Y. Lee, H.S. Kim, et al.
Cryosurgery as a minimally invasive alternative treatment for a patient with erosive adenomatosis of the nipple.
Ann Dermatol., 33 (2021), pp. 182-185
[6]
X. Zhou, M. Zheng, Y. Zou, J. Wang, L. Zhang.
Y in R 5‐Aminolevulinic acid induced photodynamic therapy (ALA‐PDT) for erosive adenomatosis of the nipple: a case report.
Photodiagnosis Photodyn Ther., 35 (2021), pp. 102387

Como citar este artigo: Mendez‐Flores RG, Uriarte‐Ruiz K, Vega‐Memije ME, Ruiz‐Gomez D, Toussaint‐Caire S. Case for diagnosis. Unilateral nodule on the nipple: erosive adenomatosis of the nipple. An Bras Dermatol. 2023;98:847–9.

Trabalho realizado no General Hospital “Dr. Manuel Gea González”, Cidade do México, México.

Copyright © 2023. Sociedade Brasileira de Dermatologia
Idiomas
Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
Opções de artigo
Ferramentas
en pt
Cookies policy Política de cookies
To improve our services and products, we use "cookies" (own or third parties authorized) to show advertising related to client preferences through the analyses of navigation customer behavior. Continuing navigation will be considered as acceptance of this use. You can change the settings or obtain more information by clicking here. Utilizamos cookies próprios e de terceiros para melhorar nossos serviços e mostrar publicidade relacionada às suas preferências, analisando seus hábitos de navegação. Se continuar a navegar, consideramos que aceita o seu uso. Você pode alterar a configuração ou obter mais informações aqui.