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Vol. 98. Núm. 6.
Páginas 850-852 (1 novembro 2023)
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Vol. 98. Núm. 6.
Páginas 850-852 (1 novembro 2023)
Cartas ‐ Caso clínico
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Fibroepitelioma de Pinkus – Microscopia confocal no auxílio diagnóstico
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Gabriella Campos‐do‐Carmoa,
Autor para correspondência
dragabriellacampos@gmail.com

Autor para correspondência.
, Júlia Bozetti Lóssa, Gustavo Costa Verardinob
a Departamento de Dermatologia, Gávea Medical Center, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
b Departamento de Patologia, Microimagem, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
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Prezado Editor,

Paciente do sexo feminino, 36 anos, apresentou lesão pigmentada assintomática no abdome durante o exame de mapeamento corporal total. A paciente não tinha histórico pessoal de câncer de pele, apesar de já ter retirado nevos atípicos.

Clinicamente, a lesão apresentava‐se como pápula acastanhada, medindo aproximadamente 0,8cm, séssil (fig. 1). À dermatoscopia, presença de múltiplos pontos cinza‐azulados em meio à área amorfa acastanhada e discretos vasos finos (fig. 2).

Figura 1.

Pápula acastanhada medindo aproximadamente 0,8cm, séssil

(0.1MB).
Figura 2.

Imagem dermatoscópica: presença de múltiplos pontos cinza‐azulados em meio à área amorfa acastanhada e discretos vasos finos

(0.09MB).

Realizada microscopia confocal de reflectância, exame de imagem in vivo não invasivo a nível celular, que revelou padrão fenestrado, com presença de cordões tumorais refringentes formando anastomoses e ilhotas de células basaloides, circundadas por um estroma fibroso, hiporrefringente. Observaram‐se também células basaloides em paliçada na periferia dos cordões (figs. 3 e 4).

Figura 3.

Microscopia confocal in vivo, mosaico: presença de cordões e ilhas de células tumorais (setas vermelhas), formando anastomoses, circundadas por estroma fibroso (setas azuis)

(0.5MB).
Figura 4.

(A e B) Microscopia confocal in vivo: ilhas e cordões de células tumorais com periferia em paliçada (setas vermelhas) formando anastomoses, circundadas por estroma fibroso (setas azuis)

(0.99MB).

A análise histopatológica foi realizada e confirmou o diagnóstico de fibroepitelioma de Pinkus (FeP), caracterizado por cordões de células tumorais em anastomose, com paliçada periférica, cercando um estroma fibroso (fig. 5A). A imuno‐histoquímica revelou expressão do marcador Ber‐EP4, evidenciando os cordões de células tumorais (fig. 5B). No limite inferior, observaram‐se estruturas denominadas germe‐papila, características do FeP. O arranjo histológico corresponde ao padrão fenestrado visualizado na microscopia confocal, possibilitando o diagnóstico de FeP com segurança por essa técnica.

Figura 5.

(A) Histopatologia da lesão apresenta cordões de células tumorais em paliçada na periferia (Hematoxocilina & eosina, 40×). (B) Imuno‐histoquímica demonstra a expressão do marcador BER‐EP4, evidenciando os cordões de células tumorais (40×)

(0.34MB).

O FeP é um subtipo específico e incomum de carcinoma basocelular, que pode ser clinicamente semelhante a lesões tumorais benignas, como nevo intradérmico, pólipo fibroepitelial, ceratose seborreica, entre outros, que não são rotineiramente excisados. Classicamente, o FeP apresenta‐se como pápula solitária, cupuliforme, normocrômica ou acastanhada. À dermatoscopia, pode apresentar vasos polimorfos (finos, focados, arboriformes curtos, pontilhados), linhas brancas curtas, cistos semelhantes a mília, áreas cinza‐acastanhadas e pontos cinza‐azulados.1–3

O exame histopatológico é considerado fundamental para o diagnóstico. Descrito por Pinkus como peculiar e inconfundível,4 apresenta filamentos ou cordões anastomosados de células basaloides projetando‐se para baixo, a partir da epiderme, em um padrão fenestrado, cercados por estroma abundante e fibroso. A periferia dos cordões é formada por células colunares, dispostas em paliçada.5,6 A imuno‐histoquímica aplicando o marcador Ber‐EP4 é ferramenta útil para diagnosticar neoplasias com diferenciação germinativa folicular e pode ser utilizada para corroborar o diagnóstico histopatológico.7

A microscopia confocal in vivo apresenta também o padrão fenestrado característico. Ao nível da junção dermoepidérmica observam‐se espaços hiporrefringentes que correspondem ao estroma fibroso, envolto por cordões de células tumorais, com maior refringência. Os cordões e ilhas de células tumorais apresentam células em paliçada na periferia. Vasos canaliculares também podem ser observados.2,3

O FeP é frequentemente subdiagnosticado ao exame clínico. As características clínicas são muitas vezes inespecíficas, e a dermatoscopia pode não ser suficiente para confirmar ou descartar outras hipóteses. No entanto, o padrão específico revelado pela microscopia confocal corresponde às características histopatológicas peculiares do FeP, tornando seu diagnóstico com maior nível de segurança e especificidade possível.5,8

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Gabriella Campos do Carmo das Chagas: Concepção e o desenho do estudo; levantamento dos dados, ou análise e interpretação dos dados; redação do artigo ou revisão crítica do conteúdo intelectual importante; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; aprovação final da versão final do manuscrito.

Júlia Bozetti Lóss: Levantamento dos dados, ou análise e interpretação dos dados; redação do artigo ou revisão crítica do conteúdo intelectual importante; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; aprovação final da versão final do manuscrito.

Gustavo Costa Verardino: Levantamento dos dados, ou análise e interpretação dos dados; redação do artigo ou revisão crítica do conteúdo intelectual importante; obtenção, análise e interpretação dos dados; aprovação final da versão final do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
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Dermatology., 226 (2013), pp. 207-211
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M. Viera, S. Amini, R. Huo, M. Oliviero, S. Bassalo, H. Rabinovitz.
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J Clin Aesthet Dermatol., 1 (2008), pp. 42-44
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H. Pinkus.
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Dermatol Ther (Heidelb)., 6 (2016), pp. 347-362
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Fibroepithelioma of Pinkus: Dermoscopic and reflectance confocal microscopic patterns.
Dermatol Ther., 34 (2021), pp. e14831
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Ber‐EP4 is a useful marker for follicular germinative cell differentiation of cutaneous epithelial neoplasms.
J Dermato., 39 (2012), pp. 688-692
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B.A. Badaró, L.M. Diniz, E. Negris Neto, E.A. Lucas.
Multiple Fibroepitheliomas of Pinkus after radiotherapy.
An Bras Dermatol., 94 (2019), pp. 633-635

Como citar este artigo: Campos‐do‐Carmo G, Lóss JB, Verardino GC. Fibroepithelioma of Pinkus – Confocal microscopy as a diagnostic tool. An Bras Dermatol. 2023;98:850–2.

Estudo realizado no Departamento de Dermatologia, Gávea Medical Center; e no Departamento de Patologia, Microimagem, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

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Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
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