Compartilhar
Informação da revista
Vol. 95. Núm. 4.
Páginas 533-535 (1 julho 2020)
Compartilhar
Compartilhar
Baixar PDF
Mais opções do artigo
Visitas
6709
Vol. 95. Núm. 4.
Páginas 533-535 (1 julho 2020)
Carta – Investigação
Open Access
Metástases cutâneas de neoplasias primárias sólidas e hematopoiéticas em um hospital de referência na Colômbia: um estudo transversal
Visitas
6709
María Fernanda Ordóñez‐Rubianoa, Victoria Lucía Dávila‐Osorioa, Paula Celeste Rubiano‐Mojicab,
Autor para correspondência
paula.rubiano@urosario.edu.co

Autor para correspondência.
, Ángela Marcela Mariño‐Álvareza
a Departamento de Dermatologia, Hospital Militar Central de Bogotá, Bogotá, Colômbia
b Departamento de Medicina Geral, Universidad del Rosario, Bogotá, Colômbia
Este item recebeu

Under a Creative Commons license
Informação do artigo
Texto Completo
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Tabelas (1)
Tabela 1. Correlação clínica e histopatológica das metástases cutâneas
Texto Completo
Prezado Editor,

As metástases cutâneas (MC) representam 2% de todos os tumores de pele e estão presentes em até 10% de todos os pacientes com câncer. Suas manifestações clínicas e histopatológicas são variáveis e dependem do tipo de tumor primário, idade e sexo.1

Atualmente não há estudos de MC registrados na Colômbia; portanto, este foi um estudo pioneiro no país.

Um estudo observacional, transversal e retrospectivo foi feito. Foram revisados os prontuários médicos de pacientes com MC confirmadas histopatologicamente no Hospital Militar Central de Bogotá entre janeiro de 2015 e junho de 2018. Pacientes com tumores primários de pele e aqueles sem registros de acompanhamento por pelo menos seis meses foram excluídos da análise. Um banco de dados foi construído no Microsoft Excel®, inclusive os dados clínicos e histopatológicos do tumor primário e das metástases. Posteriormente, foi feita análise estatística descritiva com o software SPSS 20®.

Foram coletados 26 casos de MC; cinco pacientes foram excluídos da análise devido à presença de tumor primário originado na pele. A idade média foi de 56 anos e o estudo contou com 52,38% (n = 11) de pacientes do sexo masculino. O tumor primário mais frequentemente associado foi o de mama (28,5%), seguido pelo de medula óssea (23,8%).

O tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico de MC foi de 2,84 meses; o número médio de lesões de pele foi de 3,76. Os locais mais frequentemente acometidos foram o tórax (28,5%; n = 6) e abdome (19%); na apresentação clínica, os nódulos (52,3%; n = 11) foram os achados mais comuns. O comportamento das MC foi avaliado por meio de diferentes marcadores imuno‐histoquímicos; foram identificados três pacientes com KI67 elevado no tecido das MC em comparação ao tumor primário (tabela 1).

Tabela 1.

Correlação clínica e histopatológica das metástases cutâneas

Tumor primário  Frequência (%)  SexoIdade em anos (m)  Diagnóstico histopatológico do tumor primário  Diagnóstico histopatológico das metástases  Imuno‐histoquímica  Localização na pele  Tipo de lesão 
               
Mama  28,5%  100%  0%  57,3  Adenocarcinoma ductal (50%)  Adenocarcinoma  Perda de estrogênio: 1Ganho de progesterona: 1Ganho CK‐20: umKi 67: 2 pacientes: 10% a 89% e 5% a 30%  Tórax, couro cabeludo  Nódulos, placas 
Rim  9,5%  0%  100%  53,5  Carcinoma renal de células claras (100%)  Carcinoma renal de células claras metastático  Sem alterações  Couro cabeludo, dedo  Nódulos, tumor pedunculado 
Pulmão  4,7%  100%  0%  74  Adenocarcinoma  Adenocarcinoma  Sem alterações  Abdome  Nódulo 
Medula óssea  23,8%  25%  75%  50,4  LAL (50%), LMA (50%)  Leucemia cutânea, leucêmide  Sem alterações  Face, abdome, área perianal  Nódulos, úlceras, placas 
Músculo  4,7%  0%  100%  19  Sarcoma epiteloide  Sarcoma epiteloide  Sem alterações  Face  Nódulo ulcerado 
Reto  4,7%  0%  100%  69  Adenocarcinoma  Adenocarcinoma  Sem alterações  Lábio superior  Nódulo 
Parótida  4,7%  0%  100%  73  Carcinoma mucoepidermoide  Carcinoma mucoepidermoide  Perda de HER2  Couro cabeludo  Nódulos 
Cérebro  4,7%  0%  100%  44  Glioblastoma  Glioblastoma  Ki 67: 20% a 40%  Couro cabeludo  Placas 
Linfático  4,7%  100%  0%  61  Linfoma folicular  Linfoma de células B  Sem alterações  Abdome  Placa 
Desconhecido  9,5%  50%  50%  66,5  Não se aplica  Adenocarcinoma  Inguinal bilateral  Tumor, nódulos 

LAL, leucemia aguda linfoblástica; LMA, leucemia mieloide aguda.

Recidiva do tumor primário antes do surgimento das MC foi notada em 47,6% dos pacientes. A maioria dos pacientes (80,9%) recebeu quimioterapia sistêmica, mas apenas 23,8% (n = 5) apresentaram resposta cutânea. Apenas quatro pacientes foram submetidos a uma intervenção para as MC (radioterapia: três; cirurgia: um). O tempo de sobrevida após o diagnóstico cutâneo foi de 10,65 meses.

As MC são definidas como uma disseminação de células malignas de uma neoplasia primária em direção à pele, comprometendo a epiderme, a derme ou a hipoderme.1 As MC ocorrem em até 10,4% de todos os pacientes com câncer e representam 2% de todos os tumores de pele.1

Apesar de ser uma entidade incomum na prática diária, seu significado clínico é importante, porque geralmente indica doença avançada, como observado no presente estudo.2

Na maioria dos casos, o tumor primário mais frequentemente associado às MC nas mulheres é o de mama, enquanto nos homens, excluindo o melanoma, é o de pulmão; no entanto, no presente estudo nenhum paciente do sexo masculino com MC apresentou tumor no pulmão.1,3

Em geral, os carcinomas são o tipo mais comum de câncer causador de metástases e, como mostrado neste estudo, as MC são frequentemente originadas de adenocarcinomas.4

Clinicamente, apresentam uma grande variedade de manifestações, como nódulos, pápulas, placas, tumores e úlceras, às vezes associadas à dor; tem‐se observado uma tendência a afetar o couro cabeludo, tronco e pescoço.2

Alguns padrões morfológicos foram histopatologicamente definidos e podem se assemelhar aos achados da neoplasia primária; a imuno‐histoquímica desempenha um papel fundamental na sua caracterização.1,5

Por fim, a identificação precoce das MC tem importante valor no prognóstico do paciente, principalmente naqueles com tumor primário de origem desconhecida, nos quais a histopatologia pode orientar o diagnóstico, ou em pacientes com tumor recorrente, nos quais pode alertar sobre um câncer em crescimento.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

María Fernanda Ordóñez Rubiano: Análise estatística; aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Victoria Lucía Dávila Osorio: Análise estatística; aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Paula Celeste Rubiano Mojica: Aprovação da versão final do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Ángela Marcela Mariño Álvarez: Análise estatística; aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Conflitos de interesse

Nenhum.

Agradecimentos

María Janeth Vargas Manrique, MD, Dermatopatologista no Hospital Militar Central; María Isabel González Coral, MD, Patologista.

Referências
[1]
I. Alcaraz, L. Cerroni, A. Rütten, H. Kutzner, L. Requena.
Cutaneous metastases from internal malignancies: a clinicopathologic and immunohistochemical review.
Am J Dermatopathol., 34 (2012), pp. 347-393
[2]
C.Y. Wong, M.A. Helm, R.E. Kalb, T.N. Helm, N.C. Zeitouni.
The presentation, pathology, and current management strategies of cutaneous metastasis.
N Am J Med Sci., 5 (2013), pp. 499-504
[3]
J.M. Schulman, M.L. Pauli, I.M. Neuhaus, R. Sanchez Rodriguez, K. Taravati, U.S. Shin, et al.
The distribution of cutaneous metastases correlates with local immunologic milieu.
J Am Acad Dermatol., 74 (2016), pp. 470-476
[4]
S. Nibhoria, K.K. Tiwana, M. Kaur, S. Kumar.
A clinicopathological and immunohistochemical correlation in cutaneous metastases from internal malignancies: a five‐year study.
J Skin Cancer., 2014 (2014), pp. 793937
[5]
E.A. Choate, A. Nobori, S. Worswick.
Cutaneous metástasis of Internal Tumors.
Dermatol Clin., 37 (2019), pp. 545-554

Como citar este artigo: Ordóñez‐Rubiano MF, Dávila‐Osorio VL, Rubiano‐Mojica PC, Mariño‐Álvarez AM. Cutaneous metastases from primary solid and hematopoietic neoplasms at a referral hospital in Colombia: a cross‐sectional study. An Bras Dermatol. 2020;95:533–5.

Trabalho realizado no Hospital Militar Central de Bogotá, Bogotá, Colômbia.

Copyright © 2020. Sociedade Brasileira de Dermatologia
Baixar PDF
Idiomas
Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
Opções de artigo
Ferramentas
en pt
Cookies policy Política de cookies
To improve our services and products, we use "cookies" (own or third parties authorized) to show advertising related to client preferences through the analyses of navigation customer behavior. Continuing navigation will be considered as acceptance of this use. You can change the settings or obtain more information by clicking here. Utilizamos cookies próprios e de terceiros para melhorar nossos serviços e mostrar publicidade relacionada às suas preferências, analisando seus hábitos de navegação. Se continuar a navegar, consideramos que aceita o seu uso. Você pode alterar a configuração ou obter mais informações aqui.