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Vol. 98. Núm. 2.
Páginas 248-250 (1 março 2023)
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Carta ‐ Caso Clínico
Open Access
Nevo de Becker gigante bilateral
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Li‐Wen Zhang, Cun‐Huo Jiang, Lin Li, Tao Chen
Autor para correspondência
13980427003@163.com

Autor para correspondência.
Departamento de Dermatovenereologia, Chengdu Second People's Hospital, Chengdu, Sichuan, China
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Prezado Editor,

Menino de 13 anos apresentou história de seis anos de múltiplas máculas marrons assintomáticas afetando as regiões torácica e escapular bilateralmente. A pigmentação escureceu gradualmente e envolveu progressivamente a região cervical, o antebraço direito, os ombros, braços e axilas (figs. 1 e 2). Havia aumento de pelos sobre a lesão. Nenhuma outra anormalidade da pele ou do sistema musculoesquelético foi encontrada. A história familiar e médica não era digna de nota. As investigações laboratoriais, incluindo hemograma completo, função hepática e renal, foram normais. As radiografias de tórax, coluna e membros superiores também não mostraram anormalidades. O exame histopatológico revelou discreta hiperceratose, acantose, alongamento e fusão das cristas epidérmicas, com hiperpigmentação da camada basal (fig. 3). Essas características eram sugestivas de nevo de Becker.

Figura 1.

Múltiplas máculas marrons com hipertricose na região torácica anterior, ombros, braços e axilas.

(0.19MB).
Figura 2.

Pigmentação nas regiões cervical e escapulares.

(0.19MB).
Figura 3.

O exame histopatológico revelou discreta hiperceratose, acantose, alongamento e fusão das cristas epidérmicas, com hiperpigmentação da camada basal (Hematoxilina & eosina, 200×).

(0.48MB).

O nevo de Becker é um tipo de nevo epidérmico caracterizado por placa única hiperpigmentada com ou sem hipertricose. Envolve predominantemente o tronco superior unilateral, a região escapular ou o braço unilateralmente; portanto, o distúrbio provavelmente reflete a presença de mosaicismo. O nevo de Becker é uma lesão andrógeno‐dependente, pois torna‐se mais proeminente após a adolescência e tende a ser mais evidente em pacientes do sexo masculino em decorrência do aumento da pilosidade nessa área. A razão homem/mulher relatada foi de 2:1∼5:1.1,2 Entretanto, alguns autores acreditam que a real proporção entre os sexos possa ser de 1:1, pois o nevo de Becker tende a ser menos evidente em pacientes do sexo feminino.1,3 A outra hipótese para patogênese do nevo de Becker são mutações pós‐zigóticas na beta‐actina.4

O nevo de Becker múltiplo ou bilateral raramente é relatado na literatura. Recentemente, foram revisados 25 casos relatados de nevo de Becker bilateral.5 Entre eles, a proporção homem/mulher foi de 18:7; dez casos apresentavam lesão única gigante coesa; 15 casos eram lesões múltiplas separadas. A distribuição das lesões era simétrica ou assimétrica (incluindo quatro casos de padrão quadriculado). Assim como o nevo de Becker comum, a maioria dos nevos de Becker bilaterais se manifesta na adolescência, e apenas alguns pacientes o apresentam ao nascimento ou logo após o nascimento. Houve seis casos com anormalidades extracutâneas, a chamada síndrome do nevo de Becker, incluindo hipoplasia mamária, defeitos musculoesqueléticos, deficiência intelectual e defeitos cardíacos. A incidência da síndrome do nevo de Becker parece ser maior no nevo de Becker bilateral. Portanto, pacientes com diagnóstico de nevo de Becker bilateral devem ser submetidos a avaliação clínica para avaliar possível comprometimento sistêmico.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Li‐Wen Zhang e Cun‐Huo Jiang contribuíram igualmente para esse trabalho.

Li‐Wen Zhang: Concepção e planejamento do estudo, elaboração e redação do manuscrito.

Cun‐Huo Jiang: Obtenção de dados.

Lin Li: Revisão da literatura.

Tao Chen: Aprovação da versão final do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
R. Danarti, A. Konig, A. Salhi, M. Bittar, R. Happle.
Becker's nevus syndrome revisited.
J Am Acad Dermatol., 51 (2004), pp. 965-969
[2]
A. Alhuqayl, F. Alsaif, A. Alsaad, A. Alali.
Multiple bilateral Becker's nevus in a Saudi female: a rare presentation.
AME Case Rep., 3 (2019), pp. 42
[3]
R. Happle, R.J. Koopman.
Becker nevus syndrome.
Am J Med Genet., 68 (1997), pp. 357-361
[4]
E.D. Cai, B.K. Sun, A. Chiang, A. Rogers, L. Bernet, B. Cheng, et al.
Postzygotic Mutations in Beta‐Actin Are Associated with Becker's Nevus and Becker's Nevus Syndrome.
J Invest Dermatol., 137 (2017), pp. 1795-1798
[5]
S. Antunes-Duarte, R. Bouceiro-Mendes, A. Fraga, L. Soares-de-Almeida.
One person, two bilateral symmetrical giant Becker nevi.
Dermatol Online J., 26 (2020),

Como citar este artigo: Zhang L‐W, Jiang C‐H, Li L, Chen T. Bilateral giant Becker's nevus. An Bras Dermatol. 2023;98:254–5.

Trabalho realizado no Departamento de Dermatovenereologia, Chengdu Second People's Hospital, Chengdu, Sichuan, China.

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Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
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