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Vol. 95. Núm. 4.
Páginas 545-546 (1 julho 2020)
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Vol. 95. Núm. 4.
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Correspondência
Open Access
Sobre as variações da cirurgia micrográfica e o uso de cortes histológicos horizontais na avaliação de margem cirúrgica
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Anna Carolina Miolaa, Hélio Amante Miota,
Autor para correspondência
heliomiot@gmail.com

Autor para correspondência.
, Luis Fernando Figueiredo Kopkeb
a Departamento de Dermatologia, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil
b Departamento de Dermatologia, Hospital Universitário, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil
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Tabelas (1)
Tabela 1. Comparação das características das principais variantes da cirurgia oncológica com controle microscópico das margens
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Prezado Editor,

O controle microscópico completo das margens excisionais permanece o método mais eficaz na cura dos tumores cutâneos não melanoma. Desde a ideia original da quimiocirurgia desenvolvida por Frederic Mohs, na década de 1930, houve substancial desenvolvimento de técnicas de incisão, inclusão e processamento dos espécimes histológicos, técnicas de corte, marcação histológica e avaliação das margens a fim de operacionalizar o procedimento em ambiente ambulatorial, reduzir o tempo operacional, minimizar a ressecção de tecido saudável adjacente à neoplasia, aprimorar o custo e o número de estágios das cirurgias.1,2

A diferença fundamental entre as variações de cirurgia micrográfica ocorre na forma de inspeção do comprometimento da margem cirúrgica. As técnicas de análise periférica (p.ex., cirurgia de Mohs, torta de Tübingen e técnica do muffin) verificam a presença de células tumorais na hipotética borda cirúrgica. Já técnicas de análise central (p.ex., Munique) avaliam toda a neoplasia e sua relação com as bordas cirúrgicas reais, a partir da análise integral da amostra de tecido tumoral extirpada.3

Portela et al. apresentaram uma técnica de cortes horizontais do tecido excisado, proposta para avaliar o comprometimento de margem previamente à execução da cirurgia de Mohs.4 Entretanto, tal abordagem corresponde exatamente à técnica de Munique, descrita em 1995 e difundida especialmente na Europa, porém referida extensivamente em publicações de cirurgia micrográfica, cuja relevância histórica não pode ser desconsiderada.1–3

Convém observar que os autores fazem críticas bem fundamentadas à técnica de Mohs e percebem benefícios do controle de margem com cortes horizontais, devido à sua experiência com microscopia confocal, além da ênfase na incisão vertical, que poupa tecido saudável adjacente.

De fato, as modificações e os avanços na cirurgia micrográfica levaram a diferenças intrínsecas das principais variações técnicas, que claramente favorecem suas indicações em situações específicas e cuja compreensão leva à maximização dos resultados pelo cirurgião micrográfico.1–3 Entretanto, faltam estudos sistemáticos (head‐to‐head) que comparem as técnicas quanto às suas características, especialmente desfechos ligados a tempo cirúrgico, número de estágios e remoção de tecido saudável. Além disso, a hegemonia americana da prática e publicação quase exclusivas da técnica de Mohs penitenciaram a ciência dermatológica e os potenciais beneficiários do avanço tecnológico trazido pelas demais variações do método.5 Algumas particularidades ressaltadas pela literatura estão relacionadas na tabela 1.

Tabela 1.

Comparação das características das principais variantes da cirurgia oncológica com controle microscópico das margens

  Mohs  Tübigen  Muffin  Munique 
Tamanho ideal do tumor  <4 cm  <2 cm  <2 cm  <2,5 cm 
Plano favorável de excisão  Plano ou convexo  Plano ou convexo  Plano ou convexo  Qualquer 
Número de lâminasa  Intermediário  Intermediário  Menor  Maior 
Incisão com a pele  Oblíqua  Vertical  Vertical  Vertical 
Tipo de avaliação das margens  Periférica  Periférica  Periférica  Central 
Relação da massa neoplásica com a margem cirúrgica  Impossível  Impossível  Impossível  Possível 
Avaliação da invasão perineural  Dificultada  Dificultada  Dificultada  Facilitada 
Ressecção de tecido normal adjacente  Maiorb  Menor  Menor  Menor 
a

Considerando‐se uma incisão de mesmo tamanho.

b

Incisão a 30‐45°.

Simultaneamente ao incentivo à difusão do conhecimento e pesquisa no desenvolvimento de técnicas de controle micrográfico das margens cirúrgicas oncológicas, faz‐se necessário prezar pelo mérito histórico das técnicas classicamente descritas, como a técnica de Munique.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Anna Carolina Miola: Aprovação da versão final do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Hélio Amante Miot: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Luis Fernando Figueiredo Kopke: Aprovação da versão final do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Conflitos de interesse

Nenhum.

Referências
[1]
L.F. Kopke, B. Konz.
Micrographic surgery. A current methodological assessment.
Hautarzt., 46 (1995), pp. 607-614
[2]
C.R. Löser, R. Rompel, M. Möhrle, H.M. Häfner, C. Kunte, J. Hassel, et al.
S1 guideline: microscopically controlled surgery (MCS).
J Dtsch Dermatol Ges., 13 (2015), pp. 942-951
[3]
L.F.F. Kopke, B. Konz.
The fundamental differences among the variations of micrografic surgery.
An Bras Dermatol., 69 (1994), pp. 505-510
[4]
P.S. Portela, D.A. Teixeira, C.D.A.S. Machado, M.A.S. Pinhal, F.M. Paschoal.
Horizontal histological sections in the preliminary evaluation of basal cell carcinoma submitted to Mohs micrographic surgery.
An Bras Dermatol., 94 (2019), pp. 671-676
[5]
R.P. Rapini.
On the definition of Mohs surgery and how it determines appropriate surgical margins.
Arch Dermatol., 128 (1992), pp. 673-678

Como citar este artigo: Miola AC, Miot HA, Kopke LFF. On variations in micrographic surgery and the use of horizontal histological sections in the evaluation of the surgical margin. An Bras Dermatol. 2020;95:545–6.

Trabalho realizado no Departamento de Dermatologia, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil.

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