Compartilhar
Informação da revista
Vol. 95. Núm. 6.
Páginas 728-730 (1 novembro 2020)
Compartilhar
Compartilhar
Baixar PDF
Mais opções do artigo
Visitas
11919
Vol. 95. Núm. 6.
Páginas 728-730 (1 novembro 2020)
Dermatopatologia
Open Access
Tumor na região plantar: dermatofibrossarcoma protuberans em topografia infrequente
Visitas
11919
Simone Perazzolia,
Autor para correspondência
simone_perazzoli@hotmail.com

Autor para correspondência.
, Renan Rangel Bonamigob,c, Renata Hecka, André da Silva Cartellb,d
a Ambulatório de Dermatologia Sanitária, Porto Alegre, RS, Brasil
b Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil
c Serviços de Dermatologia Sanitária, Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul e Santa Casa de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil
d Residência Médica em Anatomia Patológica, Hospital de Clínicas, Porto Alegre, RS, Brasil
Este item recebeu

Under a Creative Commons license
Informação do artigo
Resume
Texto Completo
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Figuras (3)
Mostrar maisMostrar menos
Resumo

O dermatofibrossarcoma protuberans é tumor mesenquimal raro, localmente agressivo e com altas taxas de recorrência local. Pode apresentar‐se como lesão vegetante, nódulo ou placa. Acomete principalmente o tronco e membros proximais e é raro e infrequente nas extremidades distais. A biópsia e a imuno‐histoquímica auxiliam na confirmação do diagnóstico. Relatamos um caso de dermatofibrossarcoma protuberans com acometimento na região plantar devido à raridade da apresentação. Ao nosso conhecimento, na literatura internacional, foram descritos apenas 11 casos de acometimento nos pés.

Palavras‐chave:
Dermatofibrossarcoma
Imuno‐histoquímica
Sarcoma
Texto Completo
Introdução

O dermatofibrossarcoma protuberans (DFSP) é neoplasia mesenquimal de crescimento lento, localmente agressivo e com baixo potencial metastático. Tem diversas apresentações e pode caracterizar‐se como placa endurecida, nódulo ou lesão vegetante.1 Trauma local foi descrito como um potencial fator de risco para o surgimento do tumor.2 Os locais mais comuns de acometimento são o tronco (40%‐50%), os membros proximais (30%‐40%) e a cabeça e região cervical (10%‐15%). De acordo com a revisão de literatura feita, encontramos 11 relatos de tumor localizado na região plantar, além do nosso caso. Devido à raridade da apresentação nas extremidades distais, julgamos importante o relato deste caso para o conhecimento no meio científico.

Relato do caso

Paciente do sexo masculino, 35 anos, previamente hígido, queixava‐se de lesão dolorosa na região plantar esquerda com aumento progressivo em seis meses; negava trauma. Ao exame físico, apresentava lesão tumoral eritematosa, exofítica, vegetante e ulcerada na primeira articulação metatársica (fig. 1). O exame histopatológico da lesão revelou proliferação fusocelular com padrão focalmente estoriforme (fig. 2). No estudo imuno‐histoquímico houve positividade difusa para células CD34+. Os achados foram compatíveis com neoplasia mesenquimal fusocelular de baixo grau, favoreceram o diagnóstico de DFSP (fig. 3). O tratamento cirúrgico envolveu a amputação do hálux e parte do antepé esquerdo; em quatro meses de acompanhamento pós‐operatório, não houve recidiva tumoral.

Figura 1.

Lesão tumoral, exofítica e ulcerada.

(0.04MB).
Figura 2.

Histopatologia: proliferação fusocelular com padrão focalmente estoriforme. (Hematoxilina & eosina 100x).

(0.16MB).
Figura 3.

Imuno‐histoquímica: positividade difusa para CD34 nas células fusiformes de padrão estoriforme.

(0.15MB).
Discussão

O DFSP é tumor mesenquimal raro e com baixas taxas de malignidade. Apresenta progressão lenta, com altas taxas de recorrência local e raros casos de metástases a distância. Um estudo americano feito entre 2000 e 2010 observou incidência de 41 casos em 10 milhões de pacientes.3 Alguns estudos associam maior incidência em mulheres e na etnia negra. Acomete principalmente tronco (40%‐50%), membros proximais (30%‐40%) e cabeça e região cervical (10%‐15%).3

Uma revisão de literatura publicada em 2019 descreveu 11 casos de dermatofibrossarcoma que acometeram os pés. A média de idade observada foi de 41 anos, ocorreu mais em homens do que em mulheres (8:3),e a localização mais frequente do tumor era o dorso dos pés. O período médio de crescimento foi de três anos e 5 meses. A média de tamanho do DFSP ao diagnóstico era de aproximadamente 3,5cm. O diagnóstico clínico é difícil, visto sua variedade de apresentações. A dermatoscopia foi descrita como ferramenta para auxiliar o diagnóstico.1 Em revisão baseada na análise de 32 dermatofibrossarcomas, as características mais comuns descritas na dermatoscopia são a presença de vasos (81%), seguidos por uma rede de pigmento (78%) e um fundo rosado (66%).3

Histologicamente, o dermatofibrossarcoma apresenta células fusiformes monomórficas com pouca atipia e atividade mitótica, arranjadas em fascículos irregulares e multidirecionados (estoriformes). O tumor se infiltra no tecido subcutâneo, cria o padrão característico de favo de mel. Os diagnósticos diferenciais histológicos de outros tumores de células fusiformes são dermatofibroma, histiocitoma fibroso maligno, fibroxantoma atípico, melanoma desmoplásico, sarcoma de Kaposi e tumor fibroso solitário.1

A imuno‐histoquímica se torna um recurso importante para o diagnóstico diferencial, pois o DFSP revela positividade para CD34 e negatividade para a proteína S100, fator XIIIA e desmina.1 Todos os casos já descritos foram testados para CD34 e apresentaram positividade.3

O tratamento recomendado é excisão da lesão com 2‐3cm de margens de segurança.4 O acometimento de margens está associado à recorrência local.4 Outra opção terapêutica é a cirurgia micrográfica de Mohs. Já foram descritos manejos com a radioterapia e o imatinibe. O uso de imatinibe está indicado para os casos metastáticos, de recorrência local, como neoadjuvância ou quando o tumor é irressecável.5

Deve‐se atentar para essa doença, mesmo em áreas anatômicas incomuns, pois o prognóstico depende da precocidade do diagnóstico e do tratamento.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Simone Perazzoli: Concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica da literatura.

Renan Rangel Bonamigo: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Renata Heck: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados.

André da Silva Cartell: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados.

Conflitos de interesse

Nenhum.

Referências
[1]
F.G. Escobar, C.K. Ribeiro, L.L. Leite, C.R. Barone, A. Cartell.
Dermoscopy of Dermatofibrosarcoma Protuberans: What do We Know?.
Dermatol Pract Concept., 9 (2019), pp. 139-145
[2]
S.W. Lee, A. Zaesim, A. Jackson, M. Borkat.
Fibrosarcomatous dermatofibrosarcoma protuberans from scar following trauma.
Autops Case Rep., 8 (2018), pp. e2018039
[3]
C. Madden, A. Spector, S. Siddiqui, G. Mirkin, J. Yim, X. Hao.
Dermatofibrosarcoma Protuberans on Adult Toes: A Case Report and Review of the Literature.
Anticancer Res., 39 (2019), pp. 2105-2111
[4]
R.A. Gladdy, J.S. Wunder.
Risk‐stratified surveillance in dermatofibrosarcoma protuberans: Less is more.
Cancer., 125 (2019), pp. 670-672
[5]
C. Navarrete-Dechent, S. Mori, C.A. Barker, M.A. Dickson, K.S. Nehal.
Imatinib Treatment for Locally Advanced or Metastatic Dermatofibrosarcoma Protuberans: A Systematic Review.
JAMA Dermatol., 155 (2019), pp. 361-369

Como citar este artigo: Perazzoli S, Bonamigo RR, Heck R, Cartell AS. Tumor in the plantar region: dermatofibrosarcoma protuberans in an infrequent topography. An Bras Dermatol. 2020;95:728–30.

Trabalho realizado no Ambulatório de Dermatologia Sanitária, Porto Alegre, RS, Brasil.

Baixar PDF
Idiomas
Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
Opções de artigo
Ferramentas
en pt
Cookies policy Política de cookies
To improve our services and products, we use "cookies" (own or third parties authorized) to show advertising related to client preferences through the analyses of navigation customer behavior. Continuing navigation will be considered as acceptance of this use. You can change the settings or obtain more information by clicking here. Utilizamos cookies próprios e de terceiros para melhorar nossos serviços e mostrar publicidade relacionada às suas preferências, analisando seus hábitos de navegação. Se continuar a navegar, consideramos que aceita o seu uso. Você pode alterar a configuração ou obter mais informações aqui.