Li o artigo intitulado “História da dermatologia: o estudo das doenças cutâneas ao longo dos séculos”,1 e, surpreendentemente, as primeiras descrições da pele e seus distúrbios detalhadas nos antigos textos védicos indianos, especialmente em tratados ayurvédicos, não foram relatadas.2,3 Ayurveda, a Ciência da vida, é o primeiro tratado que contém as numerosas evidências da origem da dermatologia. Sushruta menciona sete camadas de pele com espessura específica e também doenças dermatológicas que afetam cada camada4 (tabela 1). As camadas são Avabhasini, Lohita, Shweta, Tamra, Vedini, Rohini e Mamsadhara.5,6

A Ayurveda designa as doenças dermatológicas como Kushta. Kushta é o termo atribuído às doenças de pele nos textos ayurvédicos, e inclui vários tipos de enfermidades do sistema tegumentar. Os fatores etiológicos das doenças de pele são classificados em físicos, fisiológicos, hereditários e psicológicos,7 e há mais um segmento da etiologia que fala basicamente sobre atos pecaminosos de um indivíduo que resultam no desenvolvimento de manifestações patológicas na pele; a veracidade desta causa ainda não foi pesquisada. Grosseiramente, os distúrbios são agrupados em dois tipos, como Mahakushta (doenças da pele com grande desequilíbrio de dosha ou humores corporais com nível mais profundo de invasão patológica) e Kshudra kushta (doenças da pele com menor grau de comprometimento de dosha).8,9 A temida doença cutânea, a hanseníase, sua etiopatogênese, complicações e modalidades de tratamento são descritas em detalhes no tratado de Sushruta.10 As descrições da hanseníase podem ser rastreadas a partir de todos os manuscritos antigos da era védica e pós‐védica, e várias modalidades de tratamento nativos e certas outras modalidades de tratamento de importância religiosa e espiritual também foram descritas.11 Muitos médicos ayurvédicos estão tratando com sucesso as doenças cutâneas, aderindo aos princípios da Ayurveda obtidos nos textos.